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DANÇA DOS MINISTROS
Presidente festeja entrada do PMDB; momento é "doloroso"
Lula surpreende, demite seis ministros e tenta corrigir rota
KENNEDY ALENCAR
WILSON SILVEIRA
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na primeira reforma ministerial de seu governo, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva nomeou
ontem seis novos ministros, confirmou a demissão de outros seis e
remanejou três a novas posições.
Além de integrar o PMDB ao
governo em troca de apoio congressual, numa articulação que
busca construir uma aliança com
o PT para as eleições deste ano e
de 2006, a reforma de Lula também tenta melhorar o desempenho gerencial do governo.
Ao dizer que passava por um
"momento doloroso", Lula festejou a entrada do PMDB no governo. "O reencontro do PT com o
PMDB é mais do que uma aliança
política, é um reencontro", disse.
Os novos ministros são Amir
Lando (Previdência), Aldo Rebelo
(Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais),
Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Eunício Oliveira (Comunicações) e Nilcéa
Freire (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres).
Foram remanejados Jaques
Wagner (do Trabalho para o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), Tarso Genro
(do Conselhão para a Educação) e
Ricardo Berzoini (da Previdência
para o Trabalho). Miro Teixeira
(ex-Comunicações) é o novo líder
do governo na Câmara, no lugar
de Aldo. Ficaram sem cargo no
governo, pelo menos agora, Benedita da Silva (Assistência Social),
José Graziano (Combate à Fome),
Emília Fernandes (secretaria das
mulheres) e Cristovam Buarque
-este, que está em Portugal, foi
demitido ontem por telefone.
Lula deu posse ainda ontem aos
novos ministros, em cerimônia
realizada a partir das 17h20 no Palácio do Planalto. Todo o ministério foi convidado. Dos que ficaram sem cargo, Benedita foi a única a estar presente.
"O momento de uma reforma
no governo é sempre um momento doloroso do ponto de vista
político e do ponto de vista humano. Sobretudo pra mim, que
aprendi a estabelecer uma relação
de amizade muito forte com as
pessoas com quem eu convivo. É
sempre muito difícil, por qualquer que seja o motivo, você dizer
a um timoneiro que ele não está
mais na direção do seu barco",
disse o presidente.
"De qualquer forma, quando fui
eleito presidente da República de
um país do tamanho do Brasil, a
gente não pode permitir que a relação de amizade seja a sua prática
política apenas para manter um
governo. Todos sabem que o papel de um chefe de Estado é fazer
coisas boas e muitas vezes coisas
ruins", acrescentou Lula, que nos
últimos dias vem confidenciando
a amigos a dificuldade de demitir
velhos companheiros.
Explicou a demissão de Cristovam. "Eu pretendia conversar
com ele na vinda. Como alguém
da imprensa soube e houve divulgação exagerada, liguei para o
Cristovam não só pela amizade
que eu tenho com ele, mas porque
não poderia fazer uma viagem para a Índia e ter que a cada minuto
responder a uma pergunta se iria
ou não trocar o ministro da Educação." A troca por Tarso foi antecipada ontem pela Folha.
Para tentar dar maior fluidez à
administração, Lula tirou as atribuições políticas do ministro José
Dirceu (Casa Civil) para que ele
vire um "gerentão da máquina". E
nomeou para a área social petistas
com experiências administrativas
tidas como exitosas -os ex-prefeitos Tarso (Porto Alegre) e Patrus (Belo Horizonte).
Ao mexer nos superpoderes de
Dirceu, que tem ordem para intervir mais diretamente em ministérios com falhas administrativas, levará à Casa Civil atribuições
gerenciais que estão hoje no Planejamento, de Guido Mantega. A
fusão da área social (Assistência
Social e Segurança Alimentar)
obedece ao princípio de busca de
melhor performance gerencial.
As negociações arrastadas para
integrar o PMDB e o estilo centralizador de tomada de decisões de
Lula marcaram essa reforma, que
dominou com força a pauta política do país, paralisando na prática a máquina pública em janeiro.
Sintomaticamente, o último nome a ser definido foi o de Lando.
Outra definição de última hora foi
Nilcéa Freire, ex-reitora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Apesar de manter 35 ministros, Lula reduziu levemente a
presença petista no primeiro escalão -oscilou de 21 para 19. Demitiu quatro petistas, mas convocou dois novos membros do PT.
Os aliados aumentaram de seis
para nove. O PC do B, com dez deputados e sem senador, terá duas
pastas, igual ao PMDB (78 deputados e 22 senadores). PPS, PSB,
PTB, PL e PV continuam com um
ministério cada um.
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