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"Era impossível manter discurso"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao anunciar a reforma ministerial e o "reencontro" com o
PMDB, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse ontem que era
"humanamente impossível" o PT
ter chegado ao governo federal e,
ao mesmo tempo, manter os discursos de quando era oposição.
"Tinha gente que gostaria que o
PT viesse para o governo e continuasse sendo oposição ao próprio
PT. Tinha gente que entendia que
o PT, chegando ao governo, deveria ter o mesmo discurso que tinha antes. Era humanamente impossível", afirmou. De acordo
com o presidente, o partido teve
de aprender a ultrapassar da fase
do "eu acho" para a do "eu faço".
"Ou nós compreendemos isso
[que a sociedade é mais heterogênea do que um partido político] e
nos articulamos pra sair da fase
do eu acho para entrar na fase do
eu faço, e fazemos, ou nós não governamos uma cidade, não governamos um Estado e muito mais
um país do tamanho do Brasil."
Sobre a entrada do PMDB em
dois ministérios (Comunicações e
Previdência), o presidente Lula
falou em "entrosamento".
Se dirigindo aos peemedebistas
presentes no Palácio do Planalto,
como o presidente da legenda,
Michel Temer (SP), e o líder do
partido no Senado, Renan Calheiros (AL), Lula disse que "o reencontro do PT com o PMDB é mais
do que uma aliança política".
Segundo o presidente, todos os
petistas históricos algum dia já integraram, "com orgulho", o
PMDB. "As circunstâncias políticas fizeram com que cada um fosse para um partido político. E nos
reencontramos agora", afirmou.
Lula justificou o convite ao
PMDB: "Chegamos a essa política
porque compreendeu o PT a necessidade de ter o PMDB como
partido participante da sua base
de sustentação. E compreendeu o
PMDB que pela sua própria história não poderia negar ao governo
a sustentação necessária para que
nós pudéssemos aprovar as reformas que precisamos aprovar."
Maré revolta
O presidente aproveitou para
elogiar o primeiro ano de seu governo, dizendo que não ocorreram "falhas". "Podem estar certos
que se nós não falhamos nos primeiros 12 meses, onde a maré estava revolta e o casco do barco
não estava tão seguro, podem estar certo que este ano será infinitamente melhor, o ano que vem
será infinitamente melhor do que
este ano, e 2006 será infinitamente
melhor do que 2005." Lula disse
que pretende terminar seu mandato, sem citar o ano, com a certeza de que cumpriu o que prometeu durante a campanha eleitoral.
"Quero, ao terminar meu mandato, poder voltar onde eu nasci,
não em Caetés [PE], mas nas portas das fábricas da política."
(EDUARDO SCOLESE E WILSON SILVEIRA)
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