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FUNDOS DE PENSÃO
Alvo de CPI é suspeito de "lavar" R$ 3 mi
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alvo da CPI dos Correios por
suposto envolvimento em transações irregulares com fundos de
pensão, o operador do mercado
financeiro Haroldo de Almeida
Rego Filho, conhecido como Haroldo Pororoca, foi apontado pela
CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como responsável por
operações no valor de R$ 3,1 milhões que indicam lavagem de dinheiro ou ocultação de bens.
Segundo relatório da CVM divulgado em setembro, Pororoca
comprou ações de empresas com
cheques de terceiros, sem que os
titulares das contas correntes fossem informados ao órgão, o que
constitui irregularidade.
As transações foram feitas em
dezembro de 1999, por meio da
corretora Safic, da qual Haroldo
de Almeida Rego Neto, filho de
Pororoca, era funcionário e sócio.
Fundos de pensão
Em outro processo, a CVM mapeou transações da Safic com a
Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil),
realizadas em 1998, em que levantou indícios de transferência ilegal
de recursos para terceiros. Documentos internos da Safic obtidos
pela Folha demonstram que Pororoca e Maria das Graças, sua ex-mulher, fizeram operações que,
direta ou indiretamente, envolveram a Previ.
Dois filhos de Pororoca, Christian e Murilo de Almeida Rego,
também são investigados pela
CPI por suposta participação em
transações irregulares com fundações de previdência patrocinadas por estatais. Christian foi
apontado pelo deputado ACM
Neto (PFL-BA), sub-relator para
fundos de pensão, como beneficiário de R$ 9,045 milhões em
transações contra os fundos Nucleos (estatais nucleares), Real
Grandeza (Furnas) e Prece (companhia estadual de saneamento
do Rio). Christian tem depoimento à CPI marcado para hoje.
No relatório concluído em setembro passado, a CVM decidiu
multar a Safic e seu diretor-responsável, James Alvim Netto, em,
respectivamente, R$ 100 mil e
R$ 25 mil. Alvim Netto e a corretora recorreram, mas a CVM ainda não julgou o recurso.
No inquérito que apurou operações feitas pela Previ em 1998, os
técnicos da CVM destacaram que
o fundo incorreu em perdas sistemáticas no período.
O inquérito tinha como objetivo
principal apurar suposta postura
omissiva da Bolsa de Mercadorias
& Futuros, mas foi encerrado por
falta de provas contra a BM&F.
Os técnicos levantaram indícios, contudo, de favorecimento
em transações realizadas pela
Previ para clientes das corretoras
Safic e Bônus (depois chamada de
Bônus -Banval), tendo esta sido
apontada pelo publicitário Marcos Valério de Souza como canal
para repasse de dinheiro de caixa
dois do PT para o PP.
"Verificou-se que a maioria das
operações da fundação [Previ] foi
intermediada na BM&F por diversas corretoras [...]. Grande
parte dessas transações teve como
contraparte clientes de cinco corretoras nas quais a fundação tinha
conta, tendo esses clientes auferido lucros significativos nos ajustes de operações day-trade [compra e venda num mesmo dia]",
escreveram os técnicos da CPI.
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