São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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FUNDOS DE PENSÃO

Alvo de CPI é suspeito de "lavar" R$ 3 mi

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Alvo da CPI dos Correios por suposto envolvimento em transações irregulares com fundos de pensão, o operador do mercado financeiro Haroldo de Almeida Rego Filho, conhecido como Haroldo Pororoca, foi apontado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) como responsável por operações no valor de R$ 3,1 milhões que indicam lavagem de dinheiro ou ocultação de bens.
Segundo relatório da CVM divulgado em setembro, Pororoca comprou ações de empresas com cheques de terceiros, sem que os titulares das contas correntes fossem informados ao órgão, o que constitui irregularidade.
As transações foram feitas em dezembro de 1999, por meio da corretora Safic, da qual Haroldo de Almeida Rego Neto, filho de Pororoca, era funcionário e sócio.

Fundos de pensão
Em outro processo, a CVM mapeou transações da Safic com a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), realizadas em 1998, em que levantou indícios de transferência ilegal de recursos para terceiros. Documentos internos da Safic obtidos pela Folha demonstram que Pororoca e Maria das Graças, sua ex-mulher, fizeram operações que, direta ou indiretamente, envolveram a Previ.
Dois filhos de Pororoca, Christian e Murilo de Almeida Rego, também são investigados pela CPI por suposta participação em transações irregulares com fundações de previdência patrocinadas por estatais. Christian foi apontado pelo deputado ACM Neto (PFL-BA), sub-relator para fundos de pensão, como beneficiário de R$ 9,045 milhões em transações contra os fundos Nucleos (estatais nucleares), Real Grandeza (Furnas) e Prece (companhia estadual de saneamento do Rio). Christian tem depoimento à CPI marcado para hoje.
No relatório concluído em setembro passado, a CVM decidiu multar a Safic e seu diretor-responsável, James Alvim Netto, em, respectivamente, R$ 100 mil e R$ 25 mil. Alvim Netto e a corretora recorreram, mas a CVM ainda não julgou o recurso.
No inquérito que apurou operações feitas pela Previ em 1998, os técnicos da CVM destacaram que o fundo incorreu em perdas sistemáticas no período.
O inquérito tinha como objetivo principal apurar suposta postura omissiva da Bolsa de Mercadorias & Futuros, mas foi encerrado por falta de provas contra a BM&F.
Os técnicos levantaram indícios, contudo, de favorecimento em transações realizadas pela Previ para clientes das corretoras Safic e Bônus (depois chamada de Bônus -Banval), tendo esta sido apontada pelo publicitário Marcos Valério de Souza como canal para repasse de dinheiro de caixa dois do PT para o PP.
"Verificou-se que a maioria das operações da fundação [Previ] foi intermediada na BM&F por diversas corretoras [...]. Grande parte dessas transações teve como contraparte clientes de cinco corretoras nas quais a fundação tinha conta, tendo esses clientes auferido lucros significativos nos ajustes de operações day-trade [compra e venda num mesmo dia]", escreveram os técnicos da CPI.


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