São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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"MENSALÃO"/ CONTA SUSPEITA

Segundo vice de MG, depósitos são por acertos com Marcos Valério, de quem foi sócio até 98

Clésio recebeu da SMPB, diz CPI

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios detectou pagamentos da SMPB Comunicação, do publicitário mineiro Marcos Valério de Souza, de R$ 1,4 milhão a dois institutos ligados ao vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade (PL-MG), e R$ 392 mil ao jornalista Aristides França Neto, que ocupou cargo na CNT (Confederação Nacional do Transporte), da qual Clésio Andrade é presidente.
Clésio divulgou ontem nota em que diz que os depósitos devem-se a acertos empresariais com Valério, de quem foi sócio até "meados de 1998". Clésio afirma que o destino dos recursos ao Instituto João Alfredo Andrade deveu-se a "decisão empresarial". Segundo ele, os depósitos somaram R$ 1,6 milhão, entre 1997 e 1988, "referentes a créditos empresariais e provenientes de parte dos valores como sinal de pagamento da venda das minhas participações".
Em nota enviada à Folha, França Neto admitiu ter recebido recursos do caixa dois para gastos com a campanha 1998, mas não especificou para quem. "Confirmo à Vossa Senhoria essas transferências, no montante de R$ 250 mil/R$ 300 mil, não me lembrando de valores exatos em virtude do tempo decorrido. Estes recursos foram repassados pelo caixa da campanha para cumprir compromissos na região metropolitana de Belo Horizonte (MG)."
Dados da CPI apontaram cinco depósitos a França Neto, num total de R$ 392,5 mil, em 30 de dezembro de 1997, 28 de agosto e 4, 18 e 30 de setembro de 1998. O jornalista, que disse atuar como consultor de comunicação, também trabalhou para o Idaq (Instituto de Desenvolvimento, Assistência Técnica e Qualidade em Transporte), criado em 1995 pela CNT.
A CNT tem como filiadas 29 federações de empresas de transporte, com 348 sindicatos representativos de 40 mil empresas de transporte e 350 mil autônomos.
Em 1998, Clésio era candidato a vice na chapa do então candidato à reeleição Eduardo Azeredo (PSDB-MG), hoje senador e suspeito de usar o esquema abastecido por Valério em 1998. Os repasses aos institutos Idaq e João Alfredo Andrade, entidade de ensino superior, se deram entre novembro de 1997 e janeiro de 1999.
Em 1998, ocorreram repasses mensais de R$ 133 mil. O Idaq recebeu R$ 79 mil da SMPB em março de 1997, janeiro e agosto de 1998. A CPI detectou ainda o pagamento de R$ 120 mil do Idaq à SMPB. Segundo a assessoria de Clésio, tratou-se do pagamento de uma peça publicitária.


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