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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Segundo relatório, Pedro Corrêa "ofendeu a honradez que deve nortear relações político-partidárias'; pedido de vista atrasará votação no conselho
Parecer pede cassação de presidente do PP
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O parecer do deputado Carlos
Sampaio (PSDB-SP), lido ontem
no Conselho de Ética, recomendou a cassação do mandato do
presidente do PP, Pedro Corrêa
(PE), por ter "ofendido a
honradez que deve nortear as relações político-partidárias", no
escândalo do "mensalão".
Como Sampaio está viajando, o
relatório foi lido por Gustavo
Fruet (PSDB-PR). O deputado
Benedito de Lira (PP-AL) pediu
vista do parecer, o que retardará
sua votação no conselho em duas
sessões do plenário -deve ocorrer na próxima semana.
Corrêa é acusado de ser destinatário de R$ 4,1 milhões do esquema de Marcos Valério de Souza. O
pepista diz que recebeu R$ 700
mil, doados pelo PT, usados para
pagar o advogado Paulo Goyaz,
que defende o ex-deputado Ronivon Santiago (PP-AC) em processos por compra de votos.
No parecer, Sampaio responsabiliza Corrêa pela "omissão" do
registro do dinheiro na Justiça
Eleitoral e na contabilidade interna do partido, além de ter autorizado o então assessor da liderança
do PP, João Cláudio Genu, a sacá-los das contas de Valério. O relator também vincula aos repasses a
adesão do PP à base governista.
Corrêa acompanhou a leitura
do parecer pela TV, trancado em
uma sala reservada do conselho.
No final da sessão, disse que só se
pronunciará após a votação e que
"o futuro a Deus pertence". "O
próprio relator disse que não peguei dinheiro de ninguém, é uma
coisa boa", afirmou.
A sessão de ontem foi marcada
pela performance teatral do advogado Eduardo Ferrão, que defende o presidente do PP. Em pé e
com o microfone em punho, leu
trechos de poesias, disse estar em
"ambiente de deboche e ironia" e
criticou a Câmara por ser "pautada pela mídia". "A coragem implica em resistência e esta Casa está sendo paulatinamente acuada
pelo poder devastador da mídia",
disse o advogado. Pediu "coragem" aos membros do conselho
para absolver o presidente do PP.
O caso de Corrêa passa a ser o
terceiro na fila de processos em
fase de conclusão. Nesta semana,
serão analisados os relatórios de
Roberto Brant (PFL-MG) e Professor Luizinho (PT-SP), ambos
pela cassação. A avaliação do conselho é que o caso de Brant terá
votação apertada. O PFL afirma
ter assegurados ao menos seis dos
14 votos do conselho, um deles do
PT, para derrubar o relatório.
Licenciado da Câmara para tratar de um problema cardíaco, José
Janene (PP-PR) enviou na sexta-feira, quando expiraria o prazo,
sua defesa por escrito ao conselho. O processo, relatado por Ângela Guadagnin (PT-SP), é considerado o mais atrasado dos dez
em andamento. O caso de Wanderval Santos (PL-SP) já seguiu
para a Mesa Diretora.
Janene detalhou o problema de
saúde e pediu que o processo seja
suspenso até que retorne à Câmara. O pepista arrolou uma lista
com dez testemunhas para depor
em seu favor, entre eles o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC
do B-SP), o deputado cassado José Dirceu (PT-SP) e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.
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