São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 2006

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QUESTÃO INDÍGENA

Entidade alega incompatibilidade

Funcionário é exonerado após discordar do presidente da Funai

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O coordenador-geral de Índios Isolados da Funai (Fundação Nacional do Índio), Sydney Possuelo, foi exonerado do cargo ontem após discordar publicamente do presidente da entidade. Possuelo, que foi presidente da Funai de 1991 a 1993, nos governos Fernando Collor e Itamar Franco, é servidor aposentado da fundação e ocupava cargo de confiança.
O desentendimento foi divulgado pela imprensa depois que a agência de notícias Reuters publicou, em 12 de janeiro, declarações do presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, dizendo que as reivindicações pela criação de novas terras indígenas no país estariam passando dos limites. Ele afirmava haver necessidade de intervenção do Supremo Tribunal Federal para definir um limite para a questão.
Possuelo reagiu e disse ao jornal "O Estado de São Paulo" que o presidente da Funai fala a língua dos fazendeiros e madeireiros. Ele fez a afirmação por rádiotransmissor, do interior do Pará.
A exoneração do sertanista foi publicada ontem no "Diário Oficial". A Funai disse, por meio de nota, que crescia a incompatibilidade de Possuelo com outros sertanistas da entidade que trabalham com índios isolados.
Sobre as declarações de Mércio, a Funai havia dito que atende às reivindicações dos indígenas dentro dos ritos legais, sem atropelar os direitos dos grupos que contestam as demarcações.
Possuelo disse à Folha que foi demitido devido às divergências. E reafirmou: "De acordo com a lei, o presidente da Funai é tutor dos povos indígenas. E alguém que declara isso é um tutor infiel".


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