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Para Meirelles, crise nos EUA afetará pouco o PIB
Presidente do BC faz explanação sobre cenário econômico em reunião ministerial
Ele admite que a recessão norte-americana afetará o país, mas afirma que quadro econômico é muito melhor hoje que em crises passadas
SHEILA D'AMORIM
LETÍCIA SANDER
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Encarregado de fazer a apresentação econômica na primeira reunião ministerial do ano
no lugar do ministro Guido
Mantega (Fazenda) -que foi ao
dentista e chegou atrasado no
encontro -, o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, admitiu que a crise nos
EUA deve afetar o crescimento
brasileiro.
Empolgado com as primeiras
repercussões dos mercados financeiros ao corte de juros promovido pelo Banco Central
norte-americano, Meirelles
ressaltou, segundo relato de
ministros, que o Brasil está "incomparavelmente melhor hoje
do que em épocas anteriores".
No entanto, reconheceu que
a desaceleração na maior economia do mundo deve "ter algum efeito sobre o crescimento" e argumentou, que "a projeção mais sólida [do PIB] para o
Brasil hoje é de 4,5%".
Essa era a previsão do BC para 2008, mas a estimativa do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, que consta no Orçamento
da União, no PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) e
foi reafirmada anteontem por
Mantega é de 5%.
Meirelles lembrou que a economia está crescendo atualmente acima de 5% e tratou esse possível recuo no crescimento como algo que não mudará
significativamente o rumo do
país. "Estamos com crescimento extraordinário, mas que apenas pode ficar bom."
A afirmação do presidente do
BC se baseia na avaliação de
que se houver recessão nos
EUA ela não deve ser forte.
Além disso, ele destacou que a
aceleração no nível de atividade é sustentada por uma demanda interna forte, que o país
depende menos das exportações para os EUA, que o BC
conta com US$ 185 bilhões de
reservas para se proteger dos
impactos financeiros e que o
comércio do Brasil com a Ásia é
um importante contraponto.
Mesmo com esse cenário, enfatizou que é necessário "olhar
a crise com seriedade e serenidade". Horas depois do discurso empolgado de Meirelles com
a reação dos mercados ao corte
de juros nos EUA, a bolsa de valores brasileira desabava.
Alguns ministros tiveram a
informação "on-line" sobre a
reação na bolsa, mas preferiram não tocar no assunto. Afinal, na ocasião, o foco da reunião já tinha mudado da economia para política.
Mesmo rumo
O presidente Lula fez um rápido comentário sobre as perspectivas econômicas após a explanação de Meirelles e, de
acordo com ministros, afirmou
que a política econômica não
mudará de rumo.
Segundo o ministro Luiz Marinho (Previdência), Lula comparou a economia do país nos
últimos 26 anos a uma "pipa"
sem "rabiola", que "levanta e
cai". "Foi uma outra forma de
tratar o vôo da galinha", disse
Marinho, acrescentando que
agora há um crescimento sustentado. "Mas a parte econômica foi mais um flash, a reunião
teve o foco na questão política."
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