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Na TV, tucano diz que crê em Deus
JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após deixar o Ministério da Saúde, o presidenciável do
PSDB, José Serra, disse que o governo falhou na condução da política energética do país.
A afirmação foi feita na última
sexta-feira, durante a gravação de
uma entrevista ao jornalista Boris
Casoy, no programa "Passando a
Limpo", da Rede Record, que deve ir ao ar hoje às 22h30.
"Falhou. Demorou para definir
modelo", disse o tucano. "[O governo] acertou na telecomunicação, mas não fez na área de energia elétrica, que é mais complicada e depende de muita coisa", disse. "O mérito foi corrigir e enfrentar com coragem os problemas."
Serra reclamou, no intervalo comercial, das perguntas feitas por
Casoy a respeito da dengue. E respondeu um pouco afoito à pergunta sobre sua crença em Deus.
"O sr. acredita em Deus?", perguntou Casoy. "Acredito", respondeu imediatamente o ministro, quase atropelando a pergunta
do jornalista.
"O sr. foi rápido. Só faltou tirar o
terço do bolso", brincou Casoy.
Serra já estava preparado. Em
1985, o então candidato à Prefeitura de São Paulo Fernando Henrique Cardoso esquivou-se da
mesma pergunta, feita pelo jornalista. Os adversários, principalmente Jânio Quadros, divulgaram então que FHC era ateu.
Serra disse também que não
pretende ceder a cabeça de chapa
ao candidato da base governista
mais bem situado nas pesquisas
-leia-se governadora Roseana
Sarney (PFL-MA)- como reivindicam pefelistas. Serra tem 10% e
Roseana, 23% das intenções de
voto, segundo o Datafolha.
"Sou a favor da aliança, mas no
meu caso vamos até o fim", disse
o tucano, que criticou o que chamou de terceirização de idéias.
Serra aposta em sua experiência
como homem público e em seu
conhecimento técnico como
trunfos eleitorais. Ele quer contrapor-se ao que adversários de Roseana chamam de "falta de conteúdo" da pré-candidata.
Ao falar a crise da Argentina,
por exemplo, Serra disse que o governo do ex-presidente Fernando
De la Rúa, eleito por uma coalizão
de centro-esquerda, "naufragou"
devido à "inépcia, que "existe tanto na direita quanto na esquerda".
"A Argentina naufragou com
governo conservador. O Brasil
tem de tomar cuidado para não
mergulhar na inépcia", afirmou,
nua alusão indireta a Roseana.
Antes de entrar no estúdio, o
presidenciável encontrou-se nos
bastidores com o presidente nacional do PT, José Dirceu, que
também foi entrevistado. "Ministro, acho que o deputado Dirceu
está com dengue. Ele está se sentindo meio mole", disse o jornalista. Constrangido, o petista desconversou e disse que estava viajando muito.
Durante a entrevista, uma mosca pousou na cabeça de Serra.
"Mosca azul quando pousa na
gente é que vamos ganhar a eleição", disfarçou. Casoy respondeu:
"Quem é picado pela mosca azul é
que quer ganhar a eleição."
O tucano manteve o bordão da
"continuidade sem continuísmo". Enalteceu pontos da política
econômica de Pedro Malan (Fazenda), como a estabilidade, mas
disse que mais coisas poderiam
ter sido feitas, citando especificamente a questão do desemprego.
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