São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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Deputados de Alagoas contestam suspeitas de desvio de dinheiro

Parlamentar do PMN afirma que comprou carro com recursos dele; "mesmo quando não era deputado, sempre tive bens", diz

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Deputados e ex-deputados indiciados na Operação Taturana negaram a existência de esquema de desvio de dinheiro público na Assembléia Legislativa de Alagoas, mas não quiseram comentar os detalhes das suspeitas levantadas pela PF.
O presidente da Assembléia, Antônio Albuquerque (DEM), disse que foi orientado por seus advogados a "abrir mão da contra-argumentação" neste momento, pois não tinha conhecimento das acusações.
O deputado Nelito Gomes de Barros Filho (PMN) disse que a compra do Ford Fusion, que a PF diz que foi feita com dinheiro da Assembléia, está sendo paga com recursos próprios: "A minha família é tradicional. Eu, para comprar um Fusion, minha filha... É que você não me conhece. Mesmo quando não era deputado, sempre tive bens", disse. Ele é filho do ex-governador (1997-1999) Manoel Gomes de Barros, preso em flagrante na Operação Taturana (e liberado no mesmo dia) por porte ilegal de armas.
O advogado Fábio Ferrário, que defende o deputado Arthur Lira (PMN), disse que a gravação na qual, segundo a PF, o deputado cobra do diretor de Recursos Humanos da Assembléia o pagamento para parentes, foi uma conversa normal em que o deputado só tentava resolver o problema de seus funcionários comissionados sediados em sua base eleitoral.
Ferrário também defende o ex-deputado estadual Celso Luís Brandão (PMN), que presidiu a Assembléia de 2003 a 2006. Ele diz que Brandão não pode falar de eventuais fantasmas na folha de pagamento no período em que presidiu a Casa porque não cuidava dos assuntos administrativos. A PF diz que Brandão teve empréstimos pessoais pagos pela Assembléia, o que seu advogado nega.
Segundo Ferrário, cheques nominais ao parlamentar podem ter sido transferências de recursos entre as várias contas correntes do Legislativo: "Não existe nenhum cheque da Assembléia ao ex-deputado além do que lhe era devido".
O ex-diretor de RH Roberto Menezes declarou que só falará após a conclusão do inquérito. A reportagem não conseguiu falar com o ex-deputado Gilberto Gonçalves (PMN) nem localizou seu advogado. Uma pessoa que presenciou o telefonema dele a Menezes disse que o ex-deputado estava cobrando o pagamento de salários atrasados e que ficou exaltado.
O deputado estadual Cícero Amélio (PMN), primeiro-secretário da Mesa Diretora, disse que só comentará as suspeitas após o caso ser encaminhado à Justiça. "Fui indiciado sem ao menos saber o porquê."


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