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comentário
Cúpula vira circo da falta de informação
DO ENVIADO A BUENOS AIRES
A sala de imprensa da residência oficial da Presidência
argentina em Olivos fechou
por volta de 13h de ontem
(12h em Brasília), como se
fosse botequim de periferia,
embora lá dentro estivessem
reunidos os presidentes da
Argentina, do Brasil e da Bolívia, para discutir o fornecimento de gás boliviano aos
dois outros países.
Começou com essa cena
insólita um episódio de confusão circense no fornecimento de informações sobre
a cúpula tripartite, embora a
discussão afete o cotidiano
de milhões de pessoas.
Aliás, chamar de sala de
imprensa o que há em Olivos
é uma gentileza. Trata-se de
um salão reduzido, incapaz
de abrigar a quantidade de
jornalistas que fatalmente é
atraída para eventos do gênero.
Fechada a porta, comprovou-se que não haveria, ao final da cúpula, a habitual entrevista coletiva.
Conseqüência: os jornalistas correram para a Base Aérea, local do embarque dos
presidentes Lula e Evo Morales, na expectativa de, lá,
conseguirem informações.
Até conseguiram, mas em
circunstâncias não menos
circenses: ficaram no cercadinho de praxe, tendo ao lado
o avião presidencial, com as
turbinas ligadas, e à frente
uma selva de câmaras que
impediam a aproximação.
Quando o ministro Edison
Lobão se apresentou, só foi
ouvido por dois ou três repórteres próximos e pelos
gravadores de todos os demais que um assessor de imprensa da Embaixada segurava nas mãos e onde podia,
como equilibrista.
Fechou o espetáculo a
banda do Regimento de Granadeiros San Martín, que começou a tocar a marcha de
despedida para Morales, no
momento em que o presidente Lula se aproximava
dos jornalistas. Com turbina
ligada e banda tocando, Lula
parecia estar fazendo "play
back", em vez de dar entrevista.
(CLÓVIS ROSSI)
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