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ÁREA SOCIAL
Medida tira R$ 6,5 milhão de programas para cobrir despesas da PF
Governo corta verba para crianças e adolescentes
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
Em mais um
corte em projetos sociais devido à crise financeira, o governo
retirou R$ 6,5
milhões de programas de defesa dos direitos de crianças e adolescentes para cobrir despesas de
manutenção da Polícia Federal,
como aluguéis atrasados.
Anteontem havia sido cortada
quase metade da verba para distribuição de cestas básicas e auxílio-alimentação a famílias carentes
(leia texto abaixo).
O remanejamento de ontem foi
feito entre os órgão vinculados ao
Ministério da Justiça. Mais R$ 4,8
milhões foram transferidos de outros programas do ministério para
socorrer a PF e a Funai (Fundação
Nacional do Índio).
Isso exigiu, por exemplo, o cancelamento de R$ 1,4 milhão relativo à defesa da cidadania e dos direitos da mulher e do consumidor.
"O governo preferiu investir na
repressão do que na prevenção da
criminalidade infanto-juvenil",
disse o vice-presidente do Conanda (Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente),
Charles Pranke.
Com participação de entidades
não-governamentais, o Conanda é
o órgão do Ministério da Justiça
que aplica recursos do Fundo Nacional para a Criança e o Adolescente.
A transferência de recursos foi
efetivada no final de 98 por meio
de projeto de lei para a abertura de
crédito suplementar no valor de
R$ 11,3 milhões em favor da PF e da
Funai. Cada órgão ficou, respectivamente, com R$ 9,3 milhões e R$
2 milhões.
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) não foi localizado ontem
para comentar a transferência de
recursos. Ele preside o Conanda e
foi acusado por Charles Pranke de
ter sido "omisso".
A assessoria da PF informou que
recebeu apenas R$ 6 milhões de
crédito suplementar, desconhecendo a origem dos recursos. Esse
dinheiro servirá para o pagamento
de dívidas atrasadas com aluguel,
telefone e fornecedores.
Segundo o vice-presidente do
Conanda, o órgão não pode ser
acusado de não ter sido competente para gastar, até o final de 98, a
parcela de R$ 1,6 milhão, recursos
do Fundo Nacional para a Criança
e o Adolescente desviados para a
PF. Esse dinheiro, disse ele, estava
bloqueado pelo governo e não seria gasto em programa sociais.
A transferência atingiu também
R$ 1,9 milhão que seria aplicado na
construção e reforma de unidades
destinadas a jovens infratores. Outros R$ 601 mil iriam apoiar o funcionamento de conselhos de direitos e tutelares.
O governo também decidiu desativar até março o Programa Federal de Combate aos Efeitos da Seca,
que atende cerca de 1,2 milhão de
pessoas em frentes produtivas de
trabalho na região Nordeste.
O argumento é que "o sistema de
chuvas" que cobre a região atingida pela seca começou em novembro. O critério para estabelecer
qual área será excluída, por ter
chovido nela, "por enquanto é visual", segundo a Superintendência
do Desenvolvimento do Nordeste.
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