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PERNAMBUCO
Fraude causou prejuízo ao Banco do Brasil de cerca de R$ 27 mi
Após 18 anos, "escândalo da mandioca" vai a julgamento
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
A Justiça Federal começa a julgar hoje em Recife, quase 18
anos após o início das investigações, os acusados de uma
das maiores fraudes já investigadas contra a União: o chamado
"escândalo da mandioca".
O esquema consistia no desvio
de empréstimos concedidos pela
agência do Banco do Brasil em Floresta (PE) para o cultivo de mandioca, feijão, cebola, melão e melancia. O dinheiro era usado para
outros fins pelos envolvidos no esquema (leia quadro ao lado).
Por meio de laudos falsos que
atestavam a perda da safra devido
à seca, os supostos produtores ainda eram indenizados pelo Proagro
(Programa de Garantia da Atividade Agropecuária).
O Ministério Público Federal
aponta o então gerente do BB de
Floresta, Edmilson Soares Lins, como o responsável pela articulação
do esquema. Ele teria viabilizado
as operações a partir da transferência de funcionários do BB de
sua confiança para a agência da cidade. Segundo a denúncia, os acusados elaboravam projetos frios
sobre imóveis que não existiam.
Com isso, atestavam a regularidade na aplicação dos créditos.
155 apartamentos
Segundo a denúncia, as fraudes,
cometidas entre julho de 79 e março de 81, causaram um prejuízo à
União de Cr$ 1,084 bilhão, ou US$
13,7 milhões (R$ 26,7 milhões, com
o dólar a R$ 1,95).
Com Cr$ 1,084 bilhão era possível comprar, na época, cerca de 155
apartamentos de 300 m2, com quatro quartos, em Perdizes (bairro de
classe média alta de São Paulo).
Dos 26 acusados, 24 serão julgados por suposta apropriação de dinheiro público, falsidade ideológica e uso de documentos falsos. Se
condenados, poderão permanecer
presos por até 22 anos.
Os outros dois envolvidos no caso, Irineu Gregório Ferraz e Emídio Quirino de Sá, já morreram e
seus processos foram arquivados.
Entre os que serão julgados estão
o ex-deputado estadual Vital Cavalcanti Novaes, o então gerente
da agência do BB de Floresta, Edmilson Soares Lins, além de fazendeiros e um advogado.
Também será julgado hoje o ex-major da PM José Ferreira dos Anjos, o ""Major Ferreira", o único entre os 26 acusados a ser preso.
Anjos foi condenado a 31 anos de
prisão não pelas fraudes, mas pela
morte do procurador federal Pedro Jorge de Melo e Silva.
O procurador, que na época investigava o escândalo, foi assassinado no dia 3 de março de 1982, em
Olinda. Major Ferreira chegou a
ser detido, acusado de ser o mandante do crime, mas fugiu. Permaneceu foragido 12 anos e dois meses até ser descoberto em uma fazenda em Barreiros (BA), em 96.
O julgamento está previsto para
começar às 13h. Será o maior da
história do TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª região. As sentenças, prevê a Justiça, só deverão
ser conhecidas na próxima sexta.
Segundo a assessoria jurídica da
vice-presidência do TRF, a demora
para julgar os réus ocorreu ""por
uma série de fatores", como a dúvida sobre a competência do foro
-se ocorreria na primeira ou segunda instância da Justiça Federal.
Colaborou
Fabiana Pereira, da Agência Folha
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