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SOMBRA NO PLANALTO
Waldomiro se encontrou com a empresa às vésperas da renovação do contrato com a CEF
Relação Waldomiro-GTech é "coincidência", diz Caixa
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem saber explicar o motivo da
presença do ex-assessor do Planalto Waldomiro Diniz nas dependências da Caixa Econômica
Federal em Brasília às vésperas da
renovação do contrato com a
GTech, o presidente do banco,
Jorge Mattoso, entregou ontem a
senadores relação com o registro
de outras seis visitas de Waldomiro ao prédio. À época de parte delas, o pivô do escândalo no governo Lula presidia a Loterj (Loteria
do Estado do Rio de Janeiro).
O relatório de visitas -sete ao
todo- é um dos documentos
reunidos em duas caixas que Mattoso levou ao seu depoimento na
Comissão de Fiscalização e Controle do Senado. Por quase cinco
horas de audiência, Mattoso insistiu em que não houve pressão externa na renovação do contrato,
selada em 8 de abril de 2003. Para
ele, o negócio é "extraordinário".
No depoimento, faltaram explicações para dois detalhes da negociação do polêmico contrato:
1 - as três ou quatro reuniões entre os negociadores da Caixa e da
GTech em março e em abril de
2003 não foram gravadas. Segundo Mattoso, o hábito de gravá-las
não significava benefício às negociações. Aos senadores, admitiu
que errou: "Hoje, vendo o imbróglio todo, não teria dúvida de gravar"; 2 - poucos meses depois de
fechada a renovação do contrato,
com desconto de 15% sobre o preço cobrado pela GTech, as apostas
na Mega Sena sofreram reajuste
de 50%, automaticamente repassado à empresa. Segundo Mattoso, o reajuste já era previsto no
planejamento da gestão anterior.
Sobre os encontros de Waldomiro com a GTech, Mattoso atribuiu a uma "aparente coincidência". Por três vezes, o presidente
da Caixa repetiu a mesma explicação: "Se alguém tentou vender
terreno na Lua e se alguém tentou
comprar terreno na Lua, isso não
é responsabilidade da Caixa".
Ele não negou que Waldomiro
tenha tentado fazer negócio com a
empresa, mas insistiu em que a
eventual operação não deu resultados. Segundo Mattoso, a Caixa
não tinha alternativa senão renovar o contrato pelo período máximo permitido, 25 meses, devido a
liminares concedidas à GTech pela juíza Maísa Costa Giudice, da
17ª Vara da Justiça Federal. Ela
não foi localizada pela Folha.
Para Mattoso, diante da falta de
palavra final da Justiça, a não-renovação do contrato representaria a paralisação das lojas lotéricas
do país. Segundo ele, o banco ainda não estaria pronto para operar
o processamento seguro dos dados, que responde por parte do
negócio. Um novo contrato com a
GTech não está descartado.
Dois dos interlocutores na Caixa, cujos nomes estariam anotados na agenda de Waldomiro
-Carlos Borges, um dos vice-presidentes do banco, e Paulo
Campos, superintendente de Loterias-, negam ter se encontrado
com o ex-assessor do Planalto.
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