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Coalizão do governo pensa no país daqui a 20 anos, diz Lula
Em posse de ministros, presidente afirma que seu governo não visa a imediatismos
Sérgio Motta, ex-ministro de FHC, lançou a idéia de permanência no poder por duas décadas; os tucanos governaram por 8 anos
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em cerimônia ontem na qual
empossou três novos ministros, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sugeriu que a
atual coalizão de governo, com
12 partidos e encabeçada por
PT e PMDB, foi formada "pensando nos próximos 20 anos".
Lula disse que essa parceria
entre os partidos - que tem lhe
rendido seguidas vitórias no
Congresso - está enfocada não
apenas no "imediatismo da sustentação da governabilidade" e
no "imediatismo da votação de
um projeto de lei que pudesse
interessar ao Poder Executivo".
"Mas uma coalizão que pudesse mostrar ao Brasil que é
possível fazer política no país
com P maiúsculo e que é possível construir um país pensando
nos próximos 20 anos, e não
apenas nos próximos quatro
anos", afirmou o presidente.
"Se pensássemos apenas nos
quatro anos, nós iríamos cometer os erros históricos que no
Brasil sempre foram cometidos, de você ficar trabalhando
com base em construir apenas
os curativos e não fazer uma
definitiva cirurgia que possa
curar os males do nosso país",
completou o petista.
A idéia de um projeto de 20
anos de poder era acalentada
pelo ex-ministro tucano Sérgio
Motta, morto em abril de 1998.
Seu partido, porém, parou nos
oito anos, após o segundo mandato de Fernando Henrique
Cardoso (de 1995 a 2002).
Ontem Lula deu posse a três
novos ministros, o petebista
Walfrido Mares Guia (Relações
Institucionais), a petista Marta
Suplicy (Turismo) e o peemedebista Reinhold Stephanes
(Agricultura). "Saibam que eu
estarei no pé de vocês cobrando, a cada dia, para que façam
mais e melhor do que aqueles
que saíram", disse a eles.
A cerimônia lotou o salão nobre do Planalto -cerca de 500
pessoas, muitas delas de pé.
Claques de Walfrido, inflada
com funcionários do Turismo,
e de Marta, com a ajuda de familiares e de vereadores paulistanos, agitaram o evento.
Em discurso de improviso,
Lula justificou as trocas pela
montagem de um governo de
coalizão: "Se dependesse da situação do país, eu não precisaria mudar nenhum ministro".
Dirceu e Palocci
Ao falar do cargo de coordenador político, agora com Walfrido, o presidente citou o ex-ministro e deputado cassado
José Dirceu (PT), responsável
pela função no primeiro ano de
governo, em 2003. Referiu-se a
ele como "companheiro".
Lula lembrou-se ainda do ex-ministro e hoje deputado Antonio Palocci Filho (PT-SP), presente ao evento. "Me lembro de
quando o Palocci e eu decidimos aumentar o superávit primário."
Um trecho do discurso de ontem lembrou as falas do petista
na última campanha eleitoral,
quando enaltecia o fato de os
mais pobres, beneficiários dos
programas sociais do governo,
terem mantido em alta seus índices de popularidade, mesmo
diante do noticiário negativo.
"É por isso [apoio que recebeu nas pesquisas] que muita
gente ficou atônita, porque depois do massacre que o governo
sofreu [na crise do mensalão]
as pesquisas mostravam que
nós íamos ganhar eleições",
afirmou, entre aplausos.
Lula disse que, na economia,
esse é o momento de "maior
envergadura" na história do
país. Ele recordou o aperto fiscal de 2003.
Pai de santo
Mistura de sambista com
pai-de-santo e ligado à Federação das Favelas do Rio, Roberval Uzêda roubou a cena na cerimônia. A cada frase de efeito
de Lula, batia palmas e soltava
gritos. "Muito bem", "É isso aí,
Lula", "Se deu bem, hein?", "É
verdade, presidente" gritava
Autor de um samba em homenagem a Itamar Franco (92-94), Uzêda disse ter sido convidado ao evento pelo deputado
Augusto Farias (PTB-AL) -irmão de PC Farias.
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