São Paulo, sábado, 24 de março de 2007

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Coalizão do governo pensa no país daqui a 20 anos, diz Lula

Em posse de ministros, presidente afirma que seu governo não visa a imediatismos

Sérgio Motta, ex-ministro de FHC, lançou a idéia de permanência no poder por duas décadas; os tucanos governaram por 8 anos


EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em cerimônia ontem na qual empossou três novos ministros, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu que a atual coalizão de governo, com 12 partidos e encabeçada por PT e PMDB, foi formada "pensando nos próximos 20 anos".
Lula disse que essa parceria entre os partidos - que tem lhe rendido seguidas vitórias no Congresso - está enfocada não apenas no "imediatismo da sustentação da governabilidade" e no "imediatismo da votação de um projeto de lei que pudesse interessar ao Poder Executivo".
"Mas uma coalizão que pudesse mostrar ao Brasil que é possível fazer política no país com P maiúsculo e que é possível construir um país pensando nos próximos 20 anos, e não apenas nos próximos quatro anos", afirmou o presidente.
"Se pensássemos apenas nos quatro anos, nós iríamos cometer os erros históricos que no Brasil sempre foram cometidos, de você ficar trabalhando com base em construir apenas os curativos e não fazer uma definitiva cirurgia que possa curar os males do nosso país", completou o petista.
A idéia de um projeto de 20 anos de poder era acalentada pelo ex-ministro tucano Sérgio Motta, morto em abril de 1998. Seu partido, porém, parou nos oito anos, após o segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso (de 1995 a 2002).
Ontem Lula deu posse a três novos ministros, o petebista Walfrido Mares Guia (Relações Institucionais), a petista Marta Suplicy (Turismo) e o peemedebista Reinhold Stephanes (Agricultura). "Saibam que eu estarei no pé de vocês cobrando, a cada dia, para que façam mais e melhor do que aqueles que saíram", disse a eles.
A cerimônia lotou o salão nobre do Planalto -cerca de 500 pessoas, muitas delas de pé. Claques de Walfrido, inflada com funcionários do Turismo, e de Marta, com a ajuda de familiares e de vereadores paulistanos, agitaram o evento.
Em discurso de improviso, Lula justificou as trocas pela montagem de um governo de coalizão: "Se dependesse da situação do país, eu não precisaria mudar nenhum ministro".

Dirceu e Palocci
Ao falar do cargo de coordenador político, agora com Walfrido, o presidente citou o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu (PT), responsável pela função no primeiro ano de governo, em 2003. Referiu-se a ele como "companheiro".
Lula lembrou-se ainda do ex-ministro e hoje deputado Antonio Palocci Filho (PT-SP), presente ao evento. "Me lembro de quando o Palocci e eu decidimos aumentar o superávit primário."
Um trecho do discurso de ontem lembrou as falas do petista na última campanha eleitoral, quando enaltecia o fato de os mais pobres, beneficiários dos programas sociais do governo, terem mantido em alta seus índices de popularidade, mesmo diante do noticiário negativo.
"É por isso [apoio que recebeu nas pesquisas] que muita gente ficou atônita, porque depois do massacre que o governo sofreu [na crise do mensalão] as pesquisas mostravam que nós íamos ganhar eleições", afirmou, entre aplausos.
Lula disse que, na economia, esse é o momento de "maior envergadura" na história do país. Ele recordou o aperto fiscal de 2003.

Pai de santo
Mistura de sambista com pai-de-santo e ligado à Federação das Favelas do Rio, Roberval Uzêda roubou a cena na cerimônia. A cada frase de efeito de Lula, batia palmas e soltava gritos. "Muito bem", "É isso aí, Lula", "Se deu bem, hein?", "É verdade, presidente" gritava
Autor de um samba em homenagem a Itamar Franco (92-94), Uzêda disse ter sido convidado ao evento pelo deputado Augusto Farias (PTB-AL) -irmão de PC Farias.


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