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Bolsa Família acelera em regiões com mais eleitores
Governo federal nega uso de critérios eleitorais para direcionamento de recursos
Volume médio de recursos
para o programa cresceu
67% desde sua criação em
2003; variação para grandes
colégios eleitorais é maior
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Grandes centros urbanos administrados por aliados do governo Lula foram os que registraram os melhores índices de
incremento dos recursos recebidos do Bolsa Família desde a
criação do programa de distribuição direta de dinheiro ao cidadão, no final de 2003.
É o que mostra levantamento
feito pela Folha -com base nas
transferências de verba do
MDS (Ministério do Desenvolvimento Social)- para os 25
maiores colégios eleitorais do
país. PMDB, PSB, PC do B,
PDT e PP, além, é claro, do PT,
integram a coalização governista hoje em Brasília.
O levantamento comparou o
que as cidades recebiam de recursos quando o programa começou e quanto recebem agora. Em todas houve crescimento, mas em ritmo diferente. As
cinco cidades que antes eram
administradas pelos partidos
de oposição frontal a Lula e
passaram a ser geridas por políticos da base aliada registraram incremento de recursos
-46% no total.
Municípios com prefeitos
que estavam e seguiram
apoiando o governo do presidente Lula também tiveram
um salto no dinheiro recebido.
O governo nega critérios
eleitorais para a distribuição de
recursos. E diz que o dinheiro é
repassado diretamente ao beneficiário do programa, por
meio de cartão magnético, sem
a participação (e, teoricamente, sem bônus político) de prefeituras ou governos estaduais.
Duque de Caxias, administrada pelo PMDB na Baixada
Fluminense, Recife, capital de
Pernambuco que tem como
prefeito João Paulo Silva (PT),
e Osasco, cidade petista da
Grande SP, ocupam as primeiras posições do ranking.
As três tiveram aumentos
nos repasses, em relação a
2004, que superam 200%. Duque de Caxias recebe 262% a
mais. Recife, 219%, e Osasco,
212%. Nos 25 maiores colégios,
o incremento geral foi de
77,6%. No mesmo período, o
programa cresceu 67% em todo o país, saltando de um total
de R$ 5,5 bilhões para R$ 9,2
bilhões (valores acrescidos do
custeio da bolsa).
O município fluminense recebeu R$ 30,1 milhões no ano
passado, contra R$ 8,3 milhões
em 2004, quando a cidade era
administrada por Zito Santos
(PSDB). Osasco fechou 2007
com R$ 12,8 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social. Três anos antes, na gestão
de Celso Giglio (PSDB), o total
anual ficou em R$ 4,1 milhões.
Em Recife, onde João Paulo
Silva se reelegeu em 2004, os
repasses do Bolsa Família saltaram de R$ 25,6 milhões naquele ano para R$ 81,8 milhões
no ano passado.
Em quinto lugar, está outro
município comandado por petistas, Guarulhos (Grande SP),
atrás de Campinas (SP), cidade
administrada pelo prefeito Dr.
Hélio (PDT), aliado do presidente Lula e que deverá ter a
candidatura à reeleição apoiada pelo Planalto e pelo PT.
Oposição
Na eleição de 2006, que deu a
Lula o segundo mandato, a
oposição acusou o governo de
ter criado com o Bolsa Família
uma fábrica de votos, especialmente na região Nordeste. O levantamento mostra também
que o programa, desde o ano
passado, está concentrando
suas forças nas grandes manchas urbanas de Sul e Sudeste.
Entre as dez primeiras do
ranking, apenas a cidade do Rio
de Janeiro, no sexto posto, tem
à frente um prefeito de oposição ao Planalto, o democrata
Cesar Maia. A capital fluminense pulou de R$ 38,2 milhões
em 2004 para R$ 90,4 milhões
-136% de elevação.
Em valores nominais, no entanto, o Rio continua atrás de
Fortaleza e Salvador.
São Paulo, do também democrata Gilberto Kassab e que
tem o PSDB na administração,
ocupa a 14ª posição -de R$
93,2 milhões foi para R$ 157,5
milhões, um aumento de 69%.
Em valores nominais, a capital paulista, maior cidade da
América do Sul, fica apenas
uma posição acima de Fortaleza, administrada pelo PT, que
recebeu no ano passado R$
105,1 milhões -46% de incremento nos valores.
No início do Bolsa Família,
Fortaleza e outras cidades do
Nordeste foram escolhidas como uma espécie de pilotos para
a implantação do programa.
Por conta disso, em 2004 a capital do Ceará recebeu R$ 71,9
milhões, atrás de São Paulo e
Salvador em termos nominais.
De lá para cá, no entanto, a cidade de Luizianne Lins (PT)
superou Salvador, do recém-filiado ao PMDB João Henrique,
aliado do governador Jaques
Wagner (PT).
A última posição do ranking é
dividida entre Curitiba, do tucano Beto Richa, e Belo Horizonte, do petista Fernando Pimentel. Mas a capital mineira, a
exemplo do que ocorreu com
Fortaleza, também largou em
vantagem em 2004: na quarta
posição em valores nominais
-R$ 43,8 milhões, à frente até
do Rio de Janeiro.
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