|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MEMÓRIA
Papéis da ditadura revelam como cassações eram feitas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em sua primeira reunião
no comando do Conselho de
Segurança Nacional, em 20
de maio de 1970, o presidente Emílio Garrastazu Médici
cassou de uma vez dez deputados estaduais sem esperar
os argumentos do conselho.
Para subsidiar a decisão de
Médici, o secretário-geral do
CSN, general João Baptista
Figueiredo, lia um dossiê sobre cada político. Impaciente, Médici interrompeu Figueiredo seguidas vezes para
logo carimbar a cassação dos
políticos: "Um momento. Os
senhores conselheiros querem ouvir o resto do dossiê
desse deputado?" Silêncio. E
a cassação era efetivada.
As atas constam de mais de
3.000 páginas liberadas pelo
governo e enviadas ao Arquivo Nacional da Presidência:
são os registros das sessões
do CSN durante sua existência, de 1934 (reunião presidida por Getúlio Vargas) até
1988 (José Sarney). Esses arquivos, até então mantidos
sob sigilo e ainda com 413 linhas com tarjas pretas, estarão disponíveis para consulta a partir de amanhã (www.arquivonacional.gov.br).
Na última reunião do CSN
na ditadura, em 1979, o então
presidente João Figueiredo
faz um mea-culpa ao apresentar a proposta da Lei de
Anistia. Segundo ele, foram
necessários "procedimentos
às vezes traumáticos e de caráter excepcional", mas, com
a lei, a "nossa revolução incorpora-se à história".
(LUCAS FERRAZ E EDUARDO SCOLESE)
Texto Anterior: Senado: Renan articula para que Lima assuma comissão Próximo Texto: Questão indígena: Índios mantêm três reféns em reserva no Paraná Índice
|