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JUDICIÁRIO
Pertence propõe o fim da autonomia financeira dos tribunais
Ministro do STF defende o impeachment de juízes
RAYMUNDO COSTA
do Painel, em Brasília
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence defendeu ontem o fim da autonomia financeira dos tribunais e
a ampliação para ministros dos tribunais superiores da possibilidade
de impeachment, hoje restrita aos
11 membros do STF.
Sepúlveda propõe a criação de
um órgão central do Judiciário para controlar os gastos da Justiça,
em vez da atomização que existe
hoje. Hoje, os quase cem tribunais
do país têm autonomia financeira.
"Seria impensável que o planejamento, o orçamento e a política de
gastos do Executivo fosse atomizada em cada ministério e cada autarquia. Nesse aspecto, creio que o
Judiciário é falho", diz o ministro.
No que se refere ao impeachment de juízes, o ministro defende
que ele seja estendido a todos os
ministros de tribunais superiores.
Acha que devem ficar de fora os
juízes de tribunais regionais e da
primeira instância.
"Temo muito o impeachment
como forma de disciplina de juízes
perdidos em certos Estados oligárquicos. Na esfera do Judiciário estadual, seria altamente perigoso."
Na entrevista, Pertence se recusou a falar sobre dois assuntos: a
CPI do Judiciário, proposta pelo
senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), por acreditar que
o Supremo acabará sendo chamado a se manifestar, e o Judiciário da
Bahia, que os adversários do senador dizem ser controlado por ele.
A exemplo de seus colegas de
STF, é contra a CPI. Prefere que o
Congresso se ocupe da reforma do
Judiciário, como propôs a Câmara.
A CPI, para ele, poderia levar a um
conflito perigoso: "Não tenho dúvida de que poderemos chegar ao
esgarçamento das instituições, que
não pára no Judiciário", advertiu.
O presidente do TST, Wagner Pimenta, atacou o aumento de gastos
do Congresso nos últimos quatro
anos. Segundo ele, a despesa com
pessoal no Legislativo aumentou
87%, mais que a elevação na Justiça do Trabalho, que seria de 83%.
Nota divulgada por esse tribunal
responsabiliza o Congresso pelo
aumento da estrutura da Justiça.
O ministro culpou o Congresso
pelo aumento de gastos no Judiciário, particularmente na Justiça do
Trabalho, desde a promulgação da
Constituição, em 1988: "Não há
dúvida de que a estrutura da Justiça do Trabalho é gigantesca. Mas
não foi por decisão do TST ou do
STF que ocorreu esse gigantismo".
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