UOL

São Paulo, quinta-feira, 24 de abril de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NO AR

O marido

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Ele virou "o marido". Foi como Fátima Bernardes qualificou Garotinho, nomeado por Rosinha para cuidar da segurança no Rio. A própria abordou como melodrama o insólito da escolha:
- Eu estou colocando na secretaria o que eu tenho de mais importante na minha vida, que é o meu marido.
Até o secretário demitido foi na mesma linha:
- Num momento em que a crítica é muito forte à segurança pública, a governadora dá aquele patrimônio maior que é o seu marido.
O dramalhão só foi terminar com o próprio Garotinho, que ainda sim sublinhou seu suposto sacrifício:
- Para um político com tantos êxitos eleitorais, aceitar este cargo talvez não seja boa opção. Mas temos que optar entre o compromisso com a população e nossos desejos.
Desejos eleitorais -está aí a chave. Depois de quase quatro meses, a segurança no Rio está um caos, no dizer de Garotinho. Não pode seguir assim, se "o marido" quiser manter a ambição presidencial.
Ele já ressurge em campanha. Disse que o caos se deve ao PT, que governou nove meses. E que a União tem que "cumprir suas responsabilidades".
Do outro lado, sobrou ironia. O ministro José Dirceu, em entrevista à CBN, falou em acúmulo de cargos:
- Veja o exemplo do Roberto Requião. Ele acumula hoje os cargos de governador e secretário de Segurança.
Tanto o ministro como Lula, este no dia anterior, insistem na ação "em conjunto" dos Estados com a União. A União já assumiu Beira-Mar e agora, antes de distribuir dinheiro como no Espírito Santo, quer mais do governo do Rio.
O jogo de poder vai continuar, é mais importante do que tudo por envolver a segurança dos cidadãos, mas não adianta: os telejornais evidenciaram que o fascínio da história está mesmo com "o marido".
Não fugiu à atenção da Globo, por exemplo, que a governadora fez o anúncio e imediatamente voltou os olhos para Garotinho, como quem pergunta se fez tudo certo, como devia.
O marido balançou a cabeça, afirmativamente.
 
Enquanto isso, Lula prossegue em sua gestão morde-e-assopra. Segunda manchete do Jornal Nacional:
- O Banco Central não mexe na taxa de juros.
Mas, na primeira manchete do JN:
- A Petrobras anuncia que vai haver redução nos preços dos combustíveis.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Panorâmica - Bahiagate: PFL tenta salvar mandato de ACM
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.