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NO AR
O marido
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Ele virou "o marido".
Foi como Fátima Bernardes qualificou Garotinho, nomeado por Rosinha para cuidar
da segurança no Rio. A própria
abordou como melodrama o insólito da escolha:
- Eu estou colocando na secretaria o que eu tenho de mais
importante na minha vida, que
é o meu marido.
Até o secretário demitido foi
na mesma linha:
- Num momento em que a
crítica é muito forte à segurança
pública, a governadora dá
aquele patrimônio maior que é
o seu marido.
O dramalhão só foi terminar
com o próprio Garotinho, que
ainda sim sublinhou seu suposto sacrifício:
- Para um político com tantos êxitos eleitorais, aceitar este
cargo talvez não seja boa opção.
Mas temos que optar entre o
compromisso com a população
e nossos desejos.
Desejos eleitorais -está aí a
chave. Depois de quase quatro
meses, a segurança no Rio está
um caos, no dizer de Garotinho.
Não pode seguir assim, se "o
marido" quiser manter a ambição presidencial.
Ele já ressurge em campanha.
Disse que o caos se deve ao PT,
que governou nove meses. E que
a União tem que "cumprir suas
responsabilidades".
Do outro lado, sobrou ironia.
O ministro José Dirceu, em entrevista à CBN, falou em acúmulo de cargos:
- Veja o exemplo do Roberto
Requião. Ele acumula hoje os
cargos de governador e secretário de Segurança.
Tanto o ministro como Lula,
este no dia anterior, insistem na
ação "em conjunto" dos Estados
com a União. A União já assumiu Beira-Mar e agora, antes de
distribuir dinheiro como no Espírito Santo, quer mais do governo do Rio.
O jogo de poder vai continuar,
é mais importante do que tudo
por envolver a segurança dos cidadãos, mas não adianta: os telejornais evidenciaram que o
fascínio da história está mesmo
com "o marido".
Não fugiu à atenção da Globo,
por exemplo, que a governadora
fez o anúncio e imediatamente
voltou os olhos para Garotinho,
como quem pergunta se fez tudo
certo, como devia.
O marido balançou a cabeça,
afirmativamente.
Enquanto isso, Lula prossegue
em sua gestão morde-e-assopra.
Segunda manchete do Jornal
Nacional:
- O Banco Central não mexe
na taxa de juros.
Mas, na primeira manchete
do JN:
- A Petrobras anuncia que
vai haver redução nos preços
dos combustíveis.
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