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Empreiteiras ganham R$ 456 mi
de SP por construções antigas
Dersa diz que valores foram renegociados devido a atrasos em pagamentos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo de São Paulo firmou acordos judiciais durante
a gestão José Serra (PSDB) para pagar até dezembro deste
ano mais de R$ 456 milhões a
cinco empreiteiras com a justificativa de quitar pendências de
obras antigas, como a construção da rodovia Carvalho Pinto e
a duplicação da Dom Pedro 1º.
Os contratos com as empresas foram firmados entre os
anos 80 e 90. A nova conta começou a ser paga nos últimos
meses pelos cofres do Estado,
inflada por correção e juros.
O dinheiro equivale a mais de
um terço do custo da obra de
ampliação da marginal Tietê. É
suficiente para pavimentar 650
km de estradas vicinais.
Entre as cinco construtoras
que já começaram a receber os
depósitos, quatro também estiveram ligadas à construção do
trecho sul do Rodoanel, bandeira de Serra, pré-candidato à
Presidência, neste ano eleitoral
e que foi entregue após ser erguido em tempo recorde.
A Dersa (estatal do governo
paulista) afirma que os valores,
negociados entre 2008 e setembro de 2009, se referem
principalmente a atrasos nos
prazos de pagamento durante
as obras e a problemas na conversão de moeda (Plano Real).
A duplicação da rodovia Dom
Pedro 1º foi entregue em 1990,
na gestão Quércia (PMDB), hoje aliado de Serra. Uma parte da
Carvalho Pinto, em 1994 (gestão Fleury), e a outra, em 1998
(administração Covas).
O presidente da Dersa, Delson José Amador, afirma que as
sentenças judiciais ao longo
dos anos deram razão ao pleito
das empreiteiras, motivando
até a penhora da receita de pedágio anos atrás. Diz que, sem
possibilidade de novo recurso,
a opção do Estado foi negociar,
sob pena de "responsabilização
dos administradores". Ele alega
que também houve acordo com
outros setores, por exemplo,
por conta de desapropriações.
"Não restou alternativa senão chamar os credores", afirma. "Iriam acusar a administração por deixar a dívida crescer exponencialmente. Seria irresponsável não tomar uma
providência para estancar esse
processo", diz Amador, que
afirma ter obtido descontos.
Segundo ele, os pagamentos
envolvem as construtoras do
Rodoanel porque essas empresas "estão envolvidas em todas
as obras de grande porte".
São elas: Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez, OAS e CPBO
(ligada ao grupo Odebrecht).
Além das quatro, também houve acordo judicial com a Lix da
Cunha devido a pendências da
obra nas marginais da Anhanguera, contratada em 1991.
O presidente da Dersa diz
que a decisão de pagar a dívida
antes do fim do governo foi tomada para evitar questionamentos de desrespeito à responsabilidade fiscal.
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