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ESQUELETO DO BC
Ex-presidente do BC é acusado de improbidade administrativa
Procuradores anunciam
novo inquérito contra Lopes
SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO
Os procuradores do Ministério
Público Federal do Rio de Janeiro
envolvidos na investigação do caso Marka anunciaram ontem que
pretendem abrir mais um inquérito contra o ex-presidente do BC
(Banco Central) Francisco Lopes,
que é acusado de improbidade
administrativa.
O anúncio foi feito após o depoimento prestado ontem na 6ª
Vara Federal Criminal do Rio pela
mulher de Lopes, Araci Pugliese.
Araci disse que era sócia da empresa de consultoria Macrométrica "apenas no papel". Presente ao
depoimento, Lopes disse na saída
que a mulher assumiu seu lugar
na empresa enquanto não encontrava um gerente.
"Confio na minha ética e na minha moral. Sei separar as coisas",
disse, questionado sobre uma suposta ilegalidade ou falta de ética
na transferência da sociedade.
"Não é ilegal um funcionário público ser sócio de uma empresa.
Se fosse assim, seria ilegal um
banqueiro ser ministro."
Para o procurador Bruno
Acioly, a declaração de Araci
comprova que Lopes continuou à
frente da Macrométrica mesmo
após assumir o BC. "Isso é, no mínimo, uma falta de ética e caracteriza, em tese, uma improbidade
administrativa."
O procurador disse que o processo de evasão de divisas contra
Lopes será desmembrado para a
investigação da suposta prática de
improbidade administrativa.
Lopes e seu ex-sócio na Macrométrica, Sérgio Bragança, foram
denunciados à Justiça em 2000,
sob a acusação de prática de evasão de divisas. A principal prova
da acusação é um bilhete apreendido pela PF (Polícia Federal) no
apartamento de Lopes.
Segundo o bilhete, de agosto de
1996, US$ 1,675 milhão pertencentes a Lopes estariam em uma
conta no exterior sob custódia de
Bragança. O bilhete estava em um
envelope onde estava escrito: "Para Ciça [Araci" (abrir se eu faltar)". No depoimento, Araci disse
desconhecer o bilhete. Ela disse
que o marido possui apenas uma
conta, declarada, no exterior, que
não teria a quantia descrita.
Lopes afirmou que o bilhete se
referia ao pagamento de uma dívida que não chegou a ocorrer e
negou possuir a quantia no exterior. Em seu primeiro depoimento, ele havia dito que a quantia era
uma estimativa da venda de cotas
da Macrométrica em 1996, época
em que já estava no BC.
O advogado de Lopes, João
Mestieri, afirmou que o cliente
não se lembrava do bilhete.
O delegado federal Lourenço
Pompilho, que apreendeu o bilhete, também depôs ontem e disse
que sofreu pressão do superintendente da PF na época, Paulo Ornella. Ele afirmou que recebeu telefonemas de Ornella questionando a busca. Ornella foi afastado do
cargo pouco tempo depois.
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