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Mudança no projeto e presença da Marinha causam polêmica
DO ENVIADO A RESENDE
O enriquecimento de urânio no
Brasil está gerando polêmica. Para o economista João Manoel
Gonçalves Barbosa, vice-presidente do Corecon-RJ (Conselho
Regional de Economia do Rio) e
funcionário da INB, o projeto teria que ser submetido ao Congresso, cumprindo o previsto no
artigo 21 da Constituição.
Barbosa questiona também a
presença da Marinha no projeto e
o fato de a fábrica ficar às margens
do rio Paraíba do Sul, principal
fonte de água potável para a cidade do Rio e vários municípios.
Segundo Eduardo Mendonça,
coordenador-geral de Licenciamento e Controle da CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear), foram concedidas em 1978
"licenças de montagem e de local
de construção" para a fábrica de
enriquecimento de urânio, pertencente à hoje extinta Nuclebrás.
Na época, o Brasil pretendia fazer o enriquecimento pelo processo chamado jatocentrífugo,
adquirido do pacote do acordo
nuclear Brasil-Alemanha, assinado em 1975. O processo, segundo
Éverton Carvalho, da INB, revelou-se antieconômico e foi abandonado em 1988.
Mendonça disse que a Procuradoria Jurídica da CNEN concluiu
que na essência, o que ocorreu foi
apenas uma alteração de projeto.
"Houve uma mudança de tecnologia. Isso é uma questão técnica que não consideramos ser motivo para levar ao Congresso", diz.
Quanto à presença da Marinha
e o risco de militarização que isso
possa representar, o técnico da
CNEN disse que o processo está
submetido a salvaguardas internacionais, o que "assegura que o
material não será desviado de forma alguma para uso militar".
O físico Luiz Pinguelli Rosa, especialista em energia nuclear,
considera que o projeto é válido e
que reduzirá a dependência externa do país. Mas, diz que a escala
de produção inicial é pequena para as necessidades do país.
O químico João Gonçalves,
coordenador de Processos Químicos da INB, afirma que o risco
de radiação nuclear é inexistente.
"Nosso problema não é de radiação, é de contaminação." Segundo ele, não há risco de radiação
antes da fissão nuclear que ocorre
nos reatores das usinas.
Gonçalves disse ser praticamente nula a possibilidade de contaminação do ar e do rio Paraíba do
Sul pelo urânio (o mineral mais
pesado e nocivo ao organismo), já
que a INB estaria adotando os cuidados necessários.
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