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Em campanha, Lula e Alckmin trocam ataques e ironias
Presidente acusou adversários de torcer pelo pior; tucano responsabilizou o petista pela atual crise no setor agrícola
Vistoria de obra federal em Tocantins vira ato eleitoral; governo do Estado garantiu transporte e comida grátis para cerca de 1.500 pessoas
PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A AGUIARNÓPOLIS
Num dos mais duros discursos contra seus adversários nos
últimos meses, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em Tocantins, que alguns
políticos "torcem para que as
coisas não dêem certo", "não
gostam de pobre", "ficam só no
ar-condicionado" e consideram "uma desgraça" os eventuais êxitos do atual governo.
Lula não citou nomes nem
partidos, mas foram bastante
claras as referências ao PSDB,
ao ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso e a Geraldo
Alckmin, seu adversário na disputa pela Presidência.
"Ainda tem gente que deve
estar zangada porque nós estamos aqui, Sarney, porque tem
um tipo de político no Brasil
que, por mais experiência que
tenha, por mais mandatos que
tenha, por mais cargos que eles
tenham exercido, eles estão
sempre torcendo para que as
coisas não dêem certo no Brasil, para ver se eles voltam", disse Lula, ao lado do ex-presidente José Sarney (PMDB).
Contra-ataque
Alckmin, em Porto Alegre,
preferiu fazer um ataque direto
ao presidente, ao responsabilizá-lo pela crise na agricultura.
""Vai diminuir a área plantada,
reduzir a produtividade e faltar
produtos [grãos]", disse, após
se reunir com produtores rurais. "Se ele [Lula] fizesse menos campanha e trabalhasse
um pouco mais, a agricultura
brasileira não estaria na situação grave que está hoje."
Produtores têm reclamado
dos baixos preços dos produtos
agrícolas, da valorização do real
e do endividamento. ""O culpado por essa crise é o presidente
Lula. Ele não tomou providências diante de uma crise que
vem de dois anos", disse.
O tucano ironizou o fato de
Lula ter elogiado o governador
Cláudio Lembo, por seu desempenho durante a crise de
segurança. ""Agora, pelo menos,
ele elogiou um homem sério."
Ao discursar em Tocantins,
Lula elencou vários anúncios
do governo federal, como a produção de biodiesel e a alta do
salário mínimo para R$ 350.
"Eu sei que tem gente que
gostaria que nada disso estivesse acontecendo, tem gente que
gostaria que a inflação estivesse a 30%, que as exportações
brasileiras não estivessem
crescendo, que o FMI estivesse
todo dia na minha porta batendo, que eu não tivesse aumentado o salário mínimo, que o
emprego não estivesse crescendo, que o salário não estivesse
crescendo, mas, para desgraça
deles, tudo isso está acontecendo em nosso país."
Marmitex
O presidente discursou para
cerca de 1.500 pessoas em
Aguiarnópolis, a primeira cidade de Tocantins depois da divisa com o Maranhão, numa cerimônia de vistoria de obras da
ferrovia Norte-Sul, mas com
estrutura de comício eleitoral.
No rádio, o governo do Estado, comandado por Marcelo
Miranda (PMDB), oferecia
transporte grátis até o local.
Após o ato, os alto-falantes
anunciaram: "Dentro de alguns
instantes será distribuído marmitex a todos os presentes".
Em embalagens de alumínio,
havia arroz, macarrão e frango.
Lula mais uma vez se comparou ao presidente Juscelino
Kubitscheck (1956-1961).
"Ele era chamado de ladrão
todo dia (...). As ofensas que faziam a ele, fazem pior a mim",
afirmou. "Toda vez que fico
aperreado, fico pensando: deixa eu ir me encontrar com o povo, porque o povo pensa outra
coisa, tem outra cabeça."
Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre
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