São Paulo, quarta-feira, 24 de maio de 2006

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Em campanha, Lula e Alckmin trocam ataques e ironias

Presidente acusou adversários de torcer pelo pior; tucano responsabilizou o petista pela atual crise no setor agrícola

Vistoria de obra federal em Tocantins vira ato eleitoral; governo do Estado garantiu transporte e comida grátis para cerca de 1.500 pessoas

PEDRO DIAS LEITE
ENVIADO ESPECIAL A AGUIARNÓPOLIS

Num dos mais duros discursos contra seus adversários nos últimos meses, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, em Tocantins, que alguns políticos "torcem para que as coisas não dêem certo", "não gostam de pobre", "ficam só no ar-condicionado" e consideram "uma desgraça" os eventuais êxitos do atual governo.
Lula não citou nomes nem partidos, mas foram bastante claras as referências ao PSDB, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a Geraldo Alckmin, seu adversário na disputa pela Presidência.
"Ainda tem gente que deve estar zangada porque nós estamos aqui, Sarney, porque tem um tipo de político no Brasil que, por mais experiência que tenha, por mais mandatos que tenha, por mais cargos que eles tenham exercido, eles estão sempre torcendo para que as coisas não dêem certo no Brasil, para ver se eles voltam", disse Lula, ao lado do ex-presidente José Sarney (PMDB).

Contra-ataque
Alckmin, em Porto Alegre, preferiu fazer um ataque direto ao presidente, ao responsabilizá-lo pela crise na agricultura. ""Vai diminuir a área plantada, reduzir a produtividade e faltar produtos [grãos]", disse, após se reunir com produtores rurais. "Se ele [Lula] fizesse menos campanha e trabalhasse um pouco mais, a agricultura brasileira não estaria na situação grave que está hoje."
Produtores têm reclamado dos baixos preços dos produtos agrícolas, da valorização do real e do endividamento. ""O culpado por essa crise é o presidente Lula. Ele não tomou providências diante de uma crise que vem de dois anos", disse.
O tucano ironizou o fato de Lula ter elogiado o governador Cláudio Lembo, por seu desempenho durante a crise de segurança. ""Agora, pelo menos, ele elogiou um homem sério."
Ao discursar em Tocantins, Lula elencou vários anúncios do governo federal, como a produção de biodiesel e a alta do salário mínimo para R$ 350.
"Eu sei que tem gente que gostaria que nada disso estivesse acontecendo, tem gente que gostaria que a inflação estivesse a 30%, que as exportações brasileiras não estivessem crescendo, que o FMI estivesse todo dia na minha porta batendo, que eu não tivesse aumentado o salário mínimo, que o emprego não estivesse crescendo, que o salário não estivesse crescendo, mas, para desgraça deles, tudo isso está acontecendo em nosso país."

Marmitex
O presidente discursou para cerca de 1.500 pessoas em Aguiarnópolis, a primeira cidade de Tocantins depois da divisa com o Maranhão, numa cerimônia de vistoria de obras da ferrovia Norte-Sul, mas com estrutura de comício eleitoral.
No rádio, o governo do Estado, comandado por Marcelo Miranda (PMDB), oferecia transporte grátis até o local. Após o ato, os alto-falantes anunciaram: "Dentro de alguns instantes será distribuído marmitex a todos os presentes". Em embalagens de alumínio, havia arroz, macarrão e frango.
Lula mais uma vez se comparou ao presidente Juscelino Kubitscheck (1956-1961).
"Ele era chamado de ladrão todo dia (...). As ofensas que faziam a ele, fazem pior a mim", afirmou. "Toda vez que fico aperreado, fico pensando: deixa eu ir me encontrar com o povo, porque o povo pensa outra coisa, tem outra cabeça."


Colaborou a Agência Folha, em Porto Alegre


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