São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Sou você amanhã

Embora vivam às turras com seus colegas do Senado, os peemedebistas da Câmara correram a defender que a dupla Sarney-Renan indique o substituto de Silas Rondeu devido a uma combinação de dois motivos. O primeiro, imediato, é repelir a ameaça externa representada pelo PT, que poderia reivindicar a vaga outrora ocupada por Dilma Rousseff.
O segundo não será dito em público, mas Michel Temer e companheiros acham que os senadores têm alguma razão de acreditar que a Operação Navalha foi deflagrada no momento adequado para desvalorizá-los na negociação com o Planalto. E, se agora foram eles, por que não os deputados mais adiante?

Amigo, amigo. Lula, que de início pensou em postergar até quando lhe desse na telha a nomeação do novo ministro das Minas e Energia, sentiu o estado de espírito dos senadores do PMDB, notadamente o de Renan Calheiros, e concluiu que talvez seja melhor liquidar logo o assunto.

Eu prometo. "Se houver qualquer desvio de conduta de indicados do PMDB, serei o primeiro a sugerir o afastamento", diz o presidente da sigla, Michel Temer, escaldado pela Operação Navalha.

Grampofobia. Brasília está tomada pelo pânico de falar ao telefone. "Se um prefeito me liga para discutir uma emenda, posso acabar preso!", queixava-se um deputado do PMDB em jantar de confraternização da sigla, na terça.

Expertise. Pivô da Operação Navalha, a Gautama não se desentendeu com empreiteiras concorrentes apenas pelas obras que ganhou. O modus operandi de Zuleido Veras incluía entrar em licitações com o objetivo de cobrar dos demais concorrentes um "pedágio" para abandoná-las.

É guerra. Além de desagravos na chegada de Jackson Lago hoje a São Luís, aliados encheram a cidade de panfletos, pichações e adesivos de carros em que acusam os Sarney de complô contra o governador do Maranhão, acusado pela PF de receber propina da Gautama. As peças contêm inscrições como "golpe" e "Sarney nunca mais".

Sinal verde. Foi enfim oficializada a ida do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT-AL) para a Secretaria Executiva do Ministério do Trabalho.

Avestruz 1. No PSDB, nem se cogita incomodar Teo Vilela, que teve um punhado de auxiliares recolhidos à sede da Polícia Federal. No plenário do Senado, ontem, o clima era de tapinhas nas costas do governador de Alagoas.

Avestruz 2. A Executiva do DEM, hoje, deve ignorar a denúncia contra o deputado Paulo Magalhães (BA), acusado de receber R$ 20 mil do dono da Gautama. O presidente do partido e pelo menos mais dois membros do colegiado estão em Nova York. De lá, Rodrigo Maia diz que só vai se manifestar quando receber os documentos sobre o baiano.

Exótico. Integrantes da CPI do Apagão Aéreo decidiram promover visita ao setor de manutenção da Gol. Pelo inusitado, a iniciativa fez lembrar a alguns deputados antigas práticas da Comissão de Defesa do Consumidor, que em determinada época ganhou fama por criar dificuldades para depois vender facilidades.

Promoter. Até Joaquim Levy, secretário da Fazenda do Rio, entrou na campanha para fazer do Cristo Redentor uma das novas sete maravilhas do mundo. O ex-secretário do Tesouro enviou e-mail repleto de elogios ao monumento e à cidade, em inglês, para todos os seus contatos em órgãos internacionais.

Tricô. Marta Suplicy e Fernando Haddad (Educação) fecharam acordo para criar cursos técnicos em turismo para 23 destinos definidos como estratégicos pela ministra.

Tiroteio

"Esse Zuleido subverteu a antiga máxima, já lamentável, do "rouba, mas faz". Ele rouba e não faz."


Do senador HERÁCLITO FORTES (DEM-PI), diante de tantas fotos de obras inacabadas da construtora Gautama.

Contraponto

Lábios de mel

Patrícia Saboya (PSB-CE) presidia ontem os trabalhos na Comissão de Assuntos Sociais quando a colega Lúcia Vânia (PSDB-GO) pediu a palavra:
-Senadora Patrícia Pillar, pela ordem...
Todos riram da confusão entre a ex e a atual mulher do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), e o peemedebista Wellington Salgado quis dar prosseguimento ao assunto:
-Quero fazer a defesa de Vossa Excelência!
-Acho melhor não-, atalhou a própria Patrícia.
Lúcia Vânia tratou de tentar consertar:
-Quero dizer que preferimos a Iracema-, declarou, referindo-se ao apelido pelo qual a cearense é conhecida.


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