São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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entrevista

"Empreiteiro é bravateiro", diz deputado

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Citado pelo empreiteiro Zuleido Veras nas gravações da Operação Navalha da PF, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) diz que o envolvimento do seu nome no escândalo é "fantasia policial", que começou com uma "bravata de empreiteiro". Ele nega ter direcionado emendas para a Gautama, diz que a PF usa "métodos fascistas", mas é lacônico ao defender o irmão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL): "Falo por mim".

 

FOLHA - Por que o nome do senhor é citado em um diálogo entre Zuleido Veras e Fátima Palmeira sobre emendas?
OLAVO CALHEIROS -
Essa licitação a que ele se refere tem dez anos. Depois deixei a secretaria [de Infra-estrutura], não executei essas obras. Trata-se de uma conversa entre duas pessoas que fazem referências a mim. Empreiteiro é bravateiro, quer vender prestígio.

FOLHA - O sr. o conhece?
CALHEIROS -
Conheço. Fui secretário, não é crime, era relação institucional. Não [tive contato] durante o processo de licitação, mas de execução das obras.

FOLHA - O sr. recebeu algum dinheiro da Gautama?
CALHEIROS -
Quero dizer uma coisa. Não é possível que se utilizem métodos fascistas para vincular pessoas que não têm nada a ver com os fatos. Minha relação era institucional, não é possível tantas suposições, é fantasia policial.

FOLHA - O sr. teve emendas vinculadas à Gautama?
CALHEIROS -
Nunca. É a versão nazista brasileira o que estamos vivendo.

FOLHA - Essa crítica é à investigação da Polícia Federal?
CALHEIROS -
Imagine essas gravações. O ministro recebe um empresário e parece que foi para tratar de coisa ilícita. Se o cara faz uma visita ao escritório foi para tratar de ilícito. E o que eles fazem? Pegam a foto de uma p... de uma maleta, como se tivesse dinheiro, e isso fica como verdade absoluta. O clima é muito ruim, fascista, prevalecem as ilações e fantasias da Polícia Federal.

FOLHA - Então o sr. nunca teve ajuda financeira nem ganhou presentes do Zuleido...
CALHEIROS -
Esses brindes, essas empresas mandam para os gabinetes, às vezes você não sabe nem quem mandou. Isso é normal, é gesto de civilidade. Infelizmente, agora, pode ser interpretado de outra forma.

FOLHA - Zuleido era amigo do senador Renan Calheiros?
CALHEIROS -
Eu falo por mim. Tenho autonomia política e pessoal, não falo pelos outros e ninguém manda nem fala por mim. Sou outra pessoa.


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