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entrevista
"Empreiteiro é bravateiro", diz deputado
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Citado pelo empreiteiro
Zuleido Veras nas gravações da Operação Navalha
da PF, o deputado Olavo
Calheiros (PMDB-AL) diz
que o envolvimento do seu
nome no escândalo é "fantasia policial", que começou com uma "bravata de
empreiteiro". Ele nega ter
direcionado emendas para
a Gautama, diz que a PF
usa "métodos fascistas",
mas é lacônico ao defender o irmão, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL): "Falo por mim".
FOLHA - Por que o nome do
senhor é citado em um diálogo
entre Zuleido Veras e Fátima
Palmeira sobre emendas?
OLAVO CALHEIROS - Essa licitação a que ele se refere
tem dez anos. Depois deixei a secretaria [de Infra-estrutura], não executei
essas obras. Trata-se de
uma conversa entre duas
pessoas que fazem referências a mim. Empreiteiro é bravateiro, quer vender prestígio.
FOLHA - O sr. o conhece?
CALHEIROS - Conheço. Fui
secretário, não é crime, era
relação institucional. Não
[tive contato] durante o
processo de licitação, mas
de execução das obras.
FOLHA - O sr. recebeu algum
dinheiro da Gautama?
CALHEIROS - Quero dizer
uma coisa. Não é possível
que se utilizem métodos
fascistas para vincular
pessoas que não têm nada
a ver com os fatos. Minha
relação era institucional,
não é possível tantas suposições, é fantasia policial.
FOLHA - O sr. teve emendas
vinculadas à Gautama?
CALHEIROS - Nunca. É a
versão nazista brasileira o
que estamos vivendo.
FOLHA - Essa crítica é à investigação da Polícia Federal?
CALHEIROS - Imagine essas
gravações. O ministro recebe um empresário e parece que foi para tratar de
coisa ilícita. Se o cara faz
uma visita ao escritório foi
para tratar de ilícito. E o
que eles fazem? Pegam a
foto de uma p... de uma
maleta, como se tivesse dinheiro, e isso fica como
verdade absoluta. O clima
é muito ruim, fascista, prevalecem as ilações e fantasias da Polícia Federal.
FOLHA - Então o sr. nunca teve ajuda financeira nem ganhou presentes do Zuleido...
CALHEIROS - Esses brindes,
essas empresas mandam
para os gabinetes, às vezes
você não sabe nem quem
mandou. Isso é normal, é
gesto de civilidade. Infelizmente, agora, pode ser interpretado de outra forma.
FOLHA - Zuleido era amigo do
senador Renan Calheiros?
CALHEIROS - Eu falo por
mim. Tenho autonomia
política e pessoal, não falo
pelos outros e ninguém
manda nem fala por mim.
Sou outra pessoa.
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