|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Gautama deu presentes à cúpula do Senado
LEONARDO SOUZA
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A lista de presentes enviados
pela Gautama a políticos inclui
a alta cúpula do Senado.
A Folha apurou que, da lista
de "presentes de Natal"
apreendida na sede da Gautama, em Salvador, constam os
nomes do presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), do corregedor
do Senado, Romeu Tuma
(DEM-SP), além dos senadores
ACM (DEM-BA), Delcídio
Amaral (PT-MS) e Joaquim
Roriz (PMDB-DF). O ministro
da Integração Nacional, Geddel
Vieira Lima (PMDB-BA), também é citado.
Estão na relação ainda os deputados José Carlos Machado
(DEM-SE), Paulo Magalhães
(DEM-BA), sobrinho de ACM,
e Tadeu Filippelli (PMDB-DF).
A Folha apurou que a lista
inclui o nome Gilmar Mendes,
mas não há informações sobre
se é o ministro do Supremo
Tribunal Federal ou o ex-secretário de Infra-Estrutura de
Sergipe, que tem o mesmo nome. O ministro disse que nunca
recebeu presentes da Gautama
e que considera qualquer ilação
com relação a seu nome "uma
canalhice". Ele concedeu habeas corpus liberando pessoas
envolvidas com a organização.
A Gautama é apontada pela
PF como cabeça do esquema
que fraudava licitações e corrompia políticos e servidores. A
lista foi organizada pela PF a
partir de documento apreendido em Salvador. A PF não considera a lista uma prova de que
os citados estão envolvidos
com a organização, mas uma
pista a ser seguida.
Os policiais começaram a
cruzar outros dados apurados
ao longo da investigação com
os nomes da relação, para verificar se os políticos beneficiaram a Gautama. Nesse caso, os
presentes passam a ser considerados propina. Muitos dos
"mimos" foram enviados no
Natal, entre os quais gravatas,
uísque, canetas e agendas. Segundo o código de ética do funcionário público, não é crime
receber presentes até R$ 100.
Segundo a Folha apurou, a
lista de presentes relaciona
mais de cem pessoas, das quais
cerca de 20 teriam direito a foro privilegiado. O documento
relacionado às pessoas que têm
foro foi encaminhado à Procuradoria Geral da República.
Dos nove parlamentares constantes da lista de presentes, pelo menos cinco aparecem em
conversas grampeadas pela PF.
Paulo Magalhães foi flagrado
numa conversa com Zuleido
combinando pressionar o ministro do TCU (Tribunal de
Contas da União) Ubiratan
Aguiar a favorecer a Gautama,
o que não ocorreu.
Outro lado
A assessoria de Joaquim Roriz disse que ele não recebeu
presente da Gautama e não tem
relações com a empresa.
O deputado Tadeu Fillippeli
admitiu que pode ter recebido
uma agenda ou algo similar da
Gautama, mas "nunca algo diferenciado". Geddel Vieira Lima disse, por meio da assessoria, que nunca teve relacionamento com a Gautama e negou
ter recebido presente. ACM admite que pode ter recebido
uma gravata, mas que isso não
tem problema, porque ele recebe muitas peças pelo fato de colecioná-las. A assessoria de
Paulo Magalhães disse que ele
não poderia ser encontrado ontem. Os demais citados foram
procurados pela Folha, mas
não ligaram de volta.
Texto Anterior: Governador e vice negam ter falado de firma Próximo Texto: Servidor diz ter recebido gravata de empresário Índice
|