São Paulo, quinta-feira, 24 de maio de 2007

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Grampo revela contato entre Mauá e Gautama

DA REPORTAGEM LOCAL

A Operação Navalha da Polícia Federal interceptou uma conversa telefônica que revela supostos contatos entre o ex-secretário da Prefeitura de Mauá (Grande SP), Cláudio Scalli, e a empreiteira Gautama, pivô da investigação.
Scalli, atual secretário municipal de Suzano (SP), administrada pelo PT, foi membro da comissão de licitação da Prefeitura de Mauá que escolheu, em 2002, a Gautama para a concessão do serviço de esgoto.
Na conversa gravada pela PF em agosto de 2006, a diretora comercial da Gautama, Maria de Fátima Palmeira, relata a seu chefe Zuleido Soares de Veras, dono da empreiteira, que Scalli telefonou e deixou um número de telefone celular para um retorno.
A Folha localizou ontem Scalli no mesmo número de telefone. Apesar do diálogo gravado e da coincidência do celular, o secretário negou ter conversado com algum sócio da Gautama, mas deu resposta dúbia sobre ter procurado ou não a empresa: "Eu não lembro disso, não". Ao ser informado sobre a data da ligação, Scalli disse: "Desconheço totalmente".
Segundo Scalli, ele "nunca" conversou com Zuleido. "Eu acho muito estranho isso aí."
A conversa captada pela PF começa quando Zuleido liga para Fátima para obter o telefone de contato do "professor Oswaldo Dias", de Mauá. Foi na gestão de Dias (PT), prefeito de Mauá entre 1998 e 2004, que a Gautama venceu a licitação. Scalli era secretário de Habitação. Fátima o identifica como "assessor de Oswaldo".
O ex-prefeito, professor de ensino médio, também atuou, a poucos dias do final de seu mandato, como "interveniente anuente" no sentido de liberar outros R$ 42,7 milhões em empréstimos da Caixa Econômica Federal para a Ecosama, que pertence à Gautama.
A operação da PF captou pelo menos outras três conversas, todas do segundo semestre de 2006, com referências a Mauá.
Numa delas, Zuleido telefona ao diretor financeiro da Gautama, Gil Jacó Carvalho Santos, que está em Salvador (BA), para cobrar respostas sobre suposto atraso na liberação de parcelas do empréstimo da Caixa. Segundo Gil, o problema se devia a deficiências na documentação entregue pela empresa ao banco. "A menina da Caixa está exigindo um bocado de coisa e a Ecosama não está atualizada." Zuleido responde que um certo "Flávio" deveria ser acionado.
Em outra chamada, Zuleido cobra o envio, para a Gautama na Bahia, de parte do empréstimo da Caixa. Gil explica que R$ 700 mil seriam liberados nos próximos dias.
(RUBENS VALENTE)


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