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Grampo revela contato entre Mauá e Gautama
DA REPORTAGEM LOCAL
A Operação Navalha da Polícia Federal interceptou uma
conversa telefônica que revela
supostos contatos entre o ex-secretário da Prefeitura de
Mauá (Grande SP), Cláudio
Scalli, e a empreiteira Gautama, pivô da investigação.
Scalli, atual secretário municipal de Suzano (SP), administrada pelo PT, foi membro da
comissão de licitação da Prefeitura de Mauá que escolheu, em
2002, a Gautama para a concessão do serviço de esgoto.
Na conversa gravada pela PF
em agosto de 2006, a diretora
comercial da Gautama, Maria
de Fátima Palmeira, relata a
seu chefe Zuleido Soares de Veras, dono da empreiteira, que
Scalli telefonou e deixou um
número de telefone celular para um retorno.
A Folha localizou ontem
Scalli no mesmo número de telefone. Apesar do diálogo gravado e da coincidência do celular, o secretário negou ter conversado com algum sócio da
Gautama, mas deu resposta dúbia sobre ter procurado ou não
a empresa: "Eu não lembro disso, não". Ao ser informado sobre a data da ligação, Scalli disse: "Desconheço totalmente".
Segundo Scalli, ele "nunca"
conversou com Zuleido. "Eu
acho muito estranho isso aí."
A conversa captada pela PF
começa quando Zuleido liga
para Fátima para obter o telefone de contato do "professor
Oswaldo Dias", de Mauá. Foi
na gestão de Dias (PT), prefeito
de Mauá entre 1998 e 2004,
que a Gautama venceu a licitação. Scalli era secretário de Habitação. Fátima o identifica como "assessor de Oswaldo".
O ex-prefeito, professor de
ensino médio, também atuou, a
poucos dias do final de seu
mandato, como "interveniente
anuente" no sentido de liberar
outros R$ 42,7 milhões em empréstimos da Caixa Econômica
Federal para a Ecosama, que
pertence à Gautama.
A operação da PF captou pelo menos outras três conversas,
todas do segundo semestre de
2006, com referências a Mauá.
Numa delas, Zuleido telefona ao diretor financeiro da
Gautama, Gil Jacó Carvalho
Santos, que está em Salvador
(BA), para cobrar respostas sobre suposto atraso na liberação
de parcelas do empréstimo da
Caixa. Segundo Gil, o problema
se devia a deficiências na documentação entregue pela empresa ao banco. "A menina da
Caixa está exigindo um bocado
de coisa e a Ecosama não está
atualizada." Zuleido responde
que um certo "Flávio" deveria
ser acionado.
Em outra chamada, Zuleido
cobra o envio, para a Gautama
na Bahia, de parte do empréstimo da Caixa. Gil explica que
R$ 700 mil seriam liberados
nos próximos dias.
(RUBENS VALENTE)
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