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Sepúlveda Pertence derruba obrigatoriedade do uso de vestido ou saia no plenário do STF
Supremo libera calça para mulheres
da Sucursal de Brasília
O STF (Supremo Tribunal Federal) rompeu nesta semana
com uma tradição secular: a exigência de uso de vestido ou saia
para o acesso de mulheres ao plenário. A liberação do uso de calça
comprida foi o último ato de Sepúlveda Pertence na presidência
do STF. Ele transferiu o cargo anteontem para Celso de Mello.
Para os homens, permanece
obrigatório o uso de terno e gravata no plenário, também exigidos em outros locais, como gabinetes do Palácio do Planalto e
plenários do Congresso.
O presidente do STJ (Superior
Tribunal de Justiça), ministro
Romildo Bueno de Souza, estuda
a adoção da mesma medida.
Logo que assumiu a presidência do Senado, em fevereiro último, Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) aboliu a proibição de
acesso ao plenário e tribuna de
honra de mulheres que estivessem usando calça comprida.
No STF, antigos funcionários
afirmam que a exigência criou
várias situações de constrangimento, como a de uma advogada
do Rio de Janeiro que foi a Brasília, no início dos anos 70, exclusivamente para fazer uma sustentação oral no plenário.
Ela usava calça comprida e blazer. Ao ser barrada por um segurança, teria tirado a calça na
frente do segurança e entrado no
plenário apenas com o blazer.
Impeachment
A defesa da instituição do impeachment dos juízes, pelo novo
presidente do STF abriu uma crise na magistratura. "É um retrocesso inadmissível para o juiz e a
sociedade brasileira", disse o
presidente da AMB (Associação
dos Magistrados Brasileiros), desembargador Paulo Medina.
Ao tomar posse, Mello defendeu a fiscalização das atividades
do Judiciário por representantes
da sociedade civil. Ele é favorável
ao impeachment para todos os
juízes. Já há essa previsão para os
ministros do STF.
"O sonho do presidente do
STF em relação a um Judiciário
forte está fadado ao fracasso na
esteira de seu pronunciamento
de fragilização do magistrado",
afirmou Medina.
Para a AMB, o impeachment
comprometeria a independência
do juiz. Para Medina, a possibilidade do impeachment "afronta
sua dignidade funcional e acolhe
o risco de subordiná-lo à supremacia de paróquias políticas".
As posições de Mello já haviam
levado o ministro Sydney Sanches, do STF, a fazer um alerta ao
novo presidente. Na solenidade
de posse, ele disse que a maioria
do Supremo pensa de forma diferente.
(SILVANA DE FREITAS)
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