São Paulo, domingo, 24 de maio de 1998

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VÍTIMAS DA SECA
"Trabalho com grades"


ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Aliança (PE)

O empresário Almir Tavares Pessoa, 54, está no comércio varejista desde o final da década de 60 e, só depois que seu supermercado foi saqueado no dia 5 de maio, em Aliança (PE), ele investiu R$ 2.000 na colocação de uma grade para proteger o estabelecimento.
"As grades ficam enquanto o governo não der segurança. Até este dia, vou trabalhar preso. Só abro a grade depois de ver a cara do cliente." O Vida Nova tem faturamento mensal de R$ 40 mil. Ele disse que levará cerca de dez meses para se reorganizar.
O saque organizado pelo MST foi encarado pela polícia como assalto a mão armada e deu um prejuízo de R$ 10 mil.
Ele disse que só lhe resta barganhar com fornecedores para tentar negociar o prejuízo. "Meus fornecedores me conhecem e terão que ter paciência comigo e ver a situação."
"Eles chegaram com porretes e foices afiadas. Não reagi. Levaram bacalhau, carne-de-sol, uísque, perfume, lataria, arroz, feijão e macarrão. Peixe barato, não querem."
Tavares disse que não vai processar o governo pelo saque. "Não vai resolver. Vou gastar com o advogado e receber depois de muitos anos."


Colaborou FABIANA PEREIRA



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