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CONTAS PÚBLICAS
Governo reduz estimativa de superávit
Déficit supera todas
as previsões iniciais
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
A situação das contas públicas é
pior do que o governo imaginava
no começo deste ano. Depois de
muitas discussões, se descobriu,
por exemplo, que R$ 4 bilhões
considerados receita pela Secretaria de Orçamento Federal estavam
contabilizados como despesa pelo
Banco Central.
No mês passado, por exemplo,
os cálculos iniciais do governo indicavam que seria possível obter
um superávit de 0,8% do PIB (Produto Interno Bruto) nas contas do
Tesouro Nacional, Previdência
Social e Banco Central.
Feitas as primeiras contas, essa
estimativa foi reduzida para zero.
Diante das dificuldades em saber a
real situação das contas públicas,
o governo optou por adiar a definição das metas. Isto é, antes de
adotar qualquer medicamento, seria preciso diagnosticar a doença
(gastos do setor público).
Esse diagnóstico ainda não está
pronto. Por enquanto, as análises
preliminares indicam que deve ser
necessário adotar novas medidas
para controlar os gastos públicos.
Sem elas, o aumento do déficit
(despesas maiores que receitas) no
setor público pode se consolidar
numa tendência de difícil reversão.
Em 1997, por exemplo, o resultado previsto para o setor público
consolidado (União, Estados, municípios e estatais) era um superávit primário -que não inclui as
despesas com o pagamento de juros- de 1,5% do PIB. O resultado
final, porém, foi um déficit de
0,83% do PIB.
O governo trabalha com duas
preocupações básicas. Primeira:
indicar que tem como controlar o
déficit público no médio e longo
prazo. Segunda: evitar que a piora
nos resultados de curto prazo reduzam sua credibilidade e, ao
mesmo tempo, passem a impressão de que o governo não esteja
agindo.
No curto prazo, a avaliação geral
dentro do governo é que o déficit
consolidado do setor público deve
piorar nos próximos meses. O déficit de 0,99% do PIB acumulado
nos últimos 12 meses encerrados
em fevereiro deve piorar em março. Os dados ainda estão sendo fechados, mas deve ficar acima de
1,2% do PIB.
Na área federal, o principal fator
de pressão é o resultado da Previdência, que já acumula déficit de
R$ 1,5 bilhão de janeiro a abril. Para o ano, a previsão é que esse
rombo chegue a R$ 6,8 bilhões.
Embora seja elevado, o cálculo inclui apenas arrecadação líquida
menos despesas com benefícios.
Também existem pressões para a
liberação de mais recursos para a
área social. A Folha apurou que o
Ministério da Educação pediu e
deve receber neste ano mais R$
600 milhões. Embora seja ano eleitoral, os envolvidos nas negociações negam que o aumento de recursos tenha o objetivo de conquistar votos.
Outra medida que contribuiu
para elevar as despesas com pessoal neste ano foi o aumento de
18,86% concedido aos militares da
ativa e aposentados. Esse reajuste
vai gerar um gasto adicional de R$
1,8 bilhão, segundo estimativas do
Ipea, ou de R$ 1,6 bilhão, conforme cálculos da Fazenda.
Nos Estados, por sua vez, o ágio
obtido na privatização de empresas estaduais deram aos governadores recursos adicionais. Esses
recursos podem ser usados sem
nenhum controle por parte do governo federal. Ao serem usados
para pagar dívidas fora da contabilidade, os Estados aumentam o
seu déficit.
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