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RUMO ÀS ELEIÇÕES
Em convenção nacional, partido confirma aliança com PT, mas mantém chance de alterar coligação
PL oficializa Alencar para chapa com Lula
LUCIO VAZ
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A convenção nacional do PL
aprovou ontem a coligação com o
PT e indicou o senador José Alencar (MG) para vice de Luiz Inácio
Lula da Silva. O PL deixou em
aberto a possibilidade de substituir o vice para facilitar uma aliança do PT com o PSB de Anthony
Garotinho. Mas Lula afirmou que
não abre mão de Alencar como
vice, mesmo se fechar com o PSB.
O PT espera que Alencar amplie
o espectro da aliança de Lula,
atraia o apoio do grande empresariado e fortaleça a imagem de
que o partido está menos radical.
O apoio do PSB seria bem-vindo,
mas um vice socialista somaria
muito pouco à candidatura Lula.
Para ter Alencar, o PT aceitou
que viessem juntos para o seu palanque os bispos da Igreja Universal do Reino de Deus e fundador
da Força Sindical -central sindical adversária da CUT (Central
Única dos Trabalhadores)-,
Luiz Antonio de Medeiros (SP).
O deputado Bispo Rodrigues
(PL-RJ) afirmou que a delegação
dada pela convenção à Executiva
Nacional permite até romper a
coligação com o PT, no caso de
não serem cumpridos acordos
encaminhados nos Estados.
Mas o presidente nacional do
PL, deputado Valdemar Costa
Neto (SP), disse que a delegação
permite apenas a substituição do
vice e a inclusão de novos partidos na aliança. "A coligação não
pode ser rompida nem jurídica
nem moralmente", afirmou.
Rodrigues disse que a delegação
dada à Executiva foi uma fórmula
encontrada pelo presidente do
partido para dar tranquilidade
aos deputados que estão sendo rejeitados pelo PT nos Estados. A
rejeição estaria acontecendo principalmente no Paraná, em Santa
Catarina, no Ceará e em Sergipe,
mas existem problemas em outros nove Estados.
Costa Neto disse que o protocolo assinado ontem pelos presidentes dos dois partidos vai assegurar
o empenho dos dirigentes do PT
para que sejam fechados acordos
nesses Estados. O presidente do
PL deu entrevistas após a convenção para tentar sepultar qualquer
especulação sobre um possível
rompimento da aliança.
O processo de votação na convenção foi rápido. Começou às
10h45 e durou apenas uma hora.
Quando Lula entrou no salão da
convenção, a direção do PL acabava de anunciar a aprovação da
coligação por 95 votos a favor, nenhum contra e 4 abstenções.
Jatinho
O papel de José Alencar na campanha à Presidência já começou a
ser desempenhado. Lula viajou
para Brasília num Lear-Jet Citation Excel de propriedade do senador mineiro. Em outra frente, o
parlamentar realiza há algumas
semanas encontros reservados
com empresários para apresentar
as propostas petistas.
Nesta semana, Alencar terá uma
nova rodada de conversas. Ele
afirma que os empresários têm
demonstrado boa receptividade
ao discurso e às propostas petistas. O presidente da Gradiente,
Eugênio Staub, enviou-lhe carta
de congratulações pelas propostas defendidas pelo petista.
Costa Neto afirma que, na condição de ex-vice-presidente da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria), Alencar deverá atrair
doações à campanha de Lula.
Deputados do PL esperam que
o empresário -dono do grupo
Coteminas, do setor da indústria
têxtil- também contribua com
suas campanhas, com dinheiro
ou camisetas. Na campanha presidencial de 1998, ele vendeu camisetas para o PSDB. Levou um
calote de R$ 3 milhões.
José Alencar disse que só abandona a candidatura se Lula quiser.
"Não estou em busca de nada para mim, quero apenas a alternância de poder no país", afirmou.
Costa Neto sonha com o apoio
do PSB a Lula. "O Garotinho é novo. Pode esperar a vez dele e ser
reeleito governador. Se o PSB
apoiar Lula, será a pá de cal. Vamos matar no primeiro turno".
As recentes denúncias de existência de um esquema de extorsão na administração municipal de Santo André (SP) não assustaram Alencar. Afirmou que devem
ser "objeto de apuração", mas ressalvou que, "até prova em contrário, as pessoas devem ser consideradas honestas". Completou: "Os responsáveis por qualquer ato ilícito devem ser punidos".
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