São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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RUMO ÀS ELEIÇÕES

Na convenção que oficializou sua candidatura, pepebista criticou tucanos e discursou sobre segurança pública

Candidato, Maluf poupa PT e ataca Alckmin

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf aproveitou ontem a convenção estadual do PPB para exercitar suas três especialidades favoritas: criticar os quase oito anos de governo tucano, prometer segurança e emprego e relembrar sua passagem pelo governo de São Paulo (79-82).
Como parte de sua estratégia de campanha, o pepebista não só poupou o PT de suas críticas como ensaiou uma defesa para as denúncias de suposta cobrança de propina que envolve a prefeitura petista de Santo André. "Para absolver ou condenar, é preciso ter provas, evidências e investigações. Não condeno a priori."
Pressionado a se posicionar sobre um possível esquema de caixa dois para campanhas petistas, Maluf foi solidário: "Pode até ser que aconteça em diversas administrações, e até nas minhas, que um regional faça alguma coisa irregular. Mas e o governo tucano, por que ninguém investiga?", questionou o ex-prefeito.
Seu posicionamento faz parte de um "acordo de cavalheiros" entre os partidos: Maluf não bate no presidenciável petista, Luiz Inácio Lula da Silva, e, em contrapartida, evita a formação de uma ampla frente de oposição à sua candidatura.
"Eu não tenho nenhum preconceito. Pessoalmente, eu nunca ataquei Lula. Ataquei sim uma facção do PT que é favorável à invasão de terras e ao grevismo selvagem", afirmou Maluf, que tantas vezes, em eleições passadas, referiu-se ao PT como o "partido da baderna".
Mas, no evento de ontem, o acordo entre partidos foi cumprido à risca. Durante a convenção que oficializou a candidatura pepebista, as críticas foram dirigidas a seu principal opositor, o governador Geraldo Alckmin (PSDB). "Quem foi incompetente por oito anos, não merece mais quatro", afirmou um entusiasmado Maluf a uma platéia de cerca de 12 mil pessoas, segundo organizadores do evento e a Polícia Militar.

Alianças
Os 598 convencionais com direito a voto homologaram também a candidatura do deputado federal Cunha Bueno para a vaga ao Senado e delegaram à Executiva o poder de fazer coligações.
Isso confere ao partido tempo e autonomia para negociar composições políticas com outros partidos, sem a necessidade de convocar uma nova convenção.
O PPB fechou no Estado uma aliança com o PL -que nacionalmente dará palanque a Lula-, mas aguarda a convenção do aliado, na quinta-feira, para oficializar o apoio. A vaga de vice na chapa com Maluf ainda não foi definida, mas, segundo lideranças do partido, deverá ser ocupada por um pepebista.
"Não posso falar pelo PL. Mas o deputado federal Luiz Antônio de Medeiros me informou que irá fazer a proposta de coligação conosco na convenção [de quinta-feira"", disse Maluf.
Líderes do PL informaram à Folha que a aliança já foi aprovada informalmente pela legenda. O partido procura em Maluf um "puxador de votos" para seus candidatos paulistas a deputado federal e estadual.

Segurança
Durante os 15 minutos em que discursou de braços abertos, Maluf aproveitou para contrapor seus programas de governo ao que ele considera ser as deficiências do governador Geraldo Alckmin. Falou de educação, emprego, saúde pública, incentivo às empresas e pedágios.
O tema central, no entanto, foi segurança pública. O pepebista defendeu o fim da "regalia dos presos" e repetiu várias vezes seu bordão: Rota na rua.
"A partir do dia 1º de janeiro [quando toma posse o novo governador", ou o bandido muda de emprego ou muda de Estado. Chega de direitos humanos só para bandidos. Direitos humanos é para os que são humanos", disse Maluf. "Comigo vai ser assim: escreveu, não leu, o pau comeu."
Para alegria da platéia, Maluf prometeu emprego para todos e anunciou mudanças na área da educação. Disse que irá acabar com o sistema de progressão continuada (em que não o aluno não repete o ano), implantado na rede estadual pelo PSDB durante a primeira gestão do governador Mário Covas, morto em março do ano passado.
"Comigo o aluno vai passar de ano sim, mas vai passar porque aprendeu a ler e a escrever. Eu vou consertar esse governo", disse Maluf em seu velho estilo.



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