São Paulo, sexta-feira, 24 de junho de 2005

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Corrupção no Brasil é uma gripe que às vezes vira pneumonia, diz CNBB

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) afirmou ontem que "a corrupção é a gripe endêmica do Brasil e, às vezes, há um surto que leva à pneumonia".
A afirmação foi feita pelo vice-presidente da CNBB, d. Antônio Celso Queirós, e depois reforçada pelo cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da entidade: "A corrupção no Brasil é descrita por personagens há muito tempo, até antes do século 19".
A CNBB divulgou nota na qual diz ser "imprescindível" a apuração das denúncias de corrupção, a punição dos responsáveis e a restituição "dos bens subtraídos". O texto pede reformas institucionais e políticas e a regulamentação do direito a plebiscitos e referendos. A nota exorta a população a "se unir em um mutirão pela ética e pela cidadania". "A população precisa exercer sua responsabilidade de ajudar no controle das instituições", disse d. Geraldo.
A CNBB insiste na necessidade de reforma política, para estimular a fidelidade partidária, e de uma reforma administrativa. "Não é possível que 20 mil cargos dependam de escolha individual ou de um partido", disse d. Antônio Celso, referindo-se aos cargos de confiança do Executivo.
A divulgação da nota e as afirmações sobre a situação política atual foram feitas durante a reunião do conselho permanente da entidade, quando realiza a tradicional "análise de conjuntura".
Segundo o presidente da CNBB, o grande mérito das denúncias que envolvem pagamento de mesada a deputados pelo PT e desvio de dinheiro de empresas públicas é que "desta vez ele [o presidente Lula] pode desencadear uma reforma política e de Estado".
"Quando a água está suja, não basta lavar o copo, é preciso limpar a fonte", reforçou d. Antônio Celso. Para d. Geraldo, nenhum poder é "imaculado". Mesmo assim, "um problema grave como esse não é só culpa de uma pessoa, mas de um sistema", disse, isentando o presidente de responsabilidade nas irregularidades.
O cardeal defendeu que a autoridade do presidente seja mantida "não para acobertar, mas para que se investigue". Tanto d. Geraldo quanto d. Antônio Celso questionaram a "fonte" das denúncias, Roberto Jefferson. "Vindo de quem vem, aí é que nós não podemos dar as suspeitas como certas", disse d. Antônio Celso.


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