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Corrupção no Brasil é uma gripe que
às vezes vira pneumonia, diz CNBB
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) afirmou ontem que "a corrupção é a gripe endêmica do Brasil e, às vezes, há
um surto que leva à pneumonia".
A afirmação foi feita pelo vice-presidente da CNBB, d. Antônio
Celso Queirós, e depois reforçada
pelo cardeal Geraldo Majella Agnelo, presidente da entidade: "A
corrupção no Brasil é descrita por
personagens há muito tempo, até
antes do século 19".
A CNBB divulgou nota na qual
diz ser "imprescindível" a apuração das denúncias de corrupção, a
punição dos responsáveis e a restituição "dos bens subtraídos". O
texto pede reformas institucionais e políticas e a regulamentação do direito a plebiscitos e referendos. A nota exorta a população
a "se unir em um mutirão pela ética e pela cidadania". "A população precisa exercer sua responsabilidade de ajudar no controle das
instituições", disse d. Geraldo.
A CNBB insiste na necessidade
de reforma política, para estimular a fidelidade partidária, e de
uma reforma administrativa.
"Não é possível que 20 mil cargos
dependam de escolha individual
ou de um partido", disse d. Antônio Celso, referindo-se aos cargos
de confiança do Executivo.
A divulgação da nota e as afirmações sobre a situação política
atual foram feitas durante a reunião do conselho permanente da
entidade, quando realiza a tradicional "análise de conjuntura".
Segundo o presidente da CNBB,
o grande mérito das denúncias
que envolvem pagamento de mesada a deputados pelo PT e desvio
de dinheiro de empresas públicas
é que "desta vez ele [o presidente
Lula] pode desencadear uma reforma política e de Estado".
"Quando a água está suja, não
basta lavar o copo, é preciso limpar a fonte", reforçou d. Antônio
Celso. Para d. Geraldo, nenhum
poder é "imaculado". Mesmo assim, "um problema grave como
esse não é só culpa de uma pessoa,
mas de um sistema", disse, isentando o presidente de responsabilidade nas irregularidades.
O cardeal defendeu que a autoridade do presidente seja mantida
"não para acobertar, mas para
que se investigue". Tanto d. Geraldo quanto d. Antônio Celso
questionaram a "fonte" das denúncias, Roberto Jefferson. "Vindo de quem vem, aí é que nós não
podemos dar as suspeitas como
certas", disse d. Antônio Celso.
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