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GOVERNO
Ministro sugere que diretor-geral e superintendentes fiquem no cargo dois anos, renováveis por mais dois
Calheiros defende mandato para a PF
ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília
O ministro Renan Calheiros (Justiça) irá propor ao presidente Fernando Henrique Cardoso a criação
de mandato de dois anos, renovável por igual período, para o diretor-geral e os 27 superintendentes
regionais da Polícia Federal.
A medida, se aprovada pelo presidente, deverá atingir o novo diretor-geral da PF, Agílio Monteiro
Filho, que toma posse hoje. Segundo o ministro, o objetivo da proposta é eliminar a formação de
grupos na instituição por causa da
permanência dos dirigentes por
tempo indefinido.
Monteiro Filho irá substituir o
delegado João Batista Campelo,
que pediu demissão sexta-feira
passada, três dias depois de tomar
posse. Ele foi pressionado a sair
depois que o ex-padre José Antônio Monteiro o acusou de ter comandado sessão de tortura contra
ele em 1970.
O novo diretor irá assumir também com a missão de reaproximar
a PF da Senad (Secretaria Nacional
Antidrogas). Ontem, Calheiros se
encontrou com o general Alberto
Cardoso (Casa Militar), que criou a
Senad em 98.
Amanhã, Monteiro Filho, Calheiros, Cardoso e o secretário nacional antidrogas, Wálter Maierovitch, devem se encontrar pela primeira vez em cerimônia de queima
de 20 toneladas de drogas em
Campo Grande (MS).
Para o ministro, a principal tarefa de Monteiro Filho será enfrentar
os grupos que disputam o poder na
PF. "O novo diretor está acima dos
grupos e irá assumir com carta
branca para fazer as alterações que
julgar necessárias na cúpula da
PF", disse Calheiros.
Um dos grupos que disputam o
poder na PF tem vinculações com
o senador Romeu Tuma (PFL-SP),
que dirigiu o órgão durante seis
anos, de 1986 a 1992.
O ex-chefe da DRE (Divisão de
Repressão a Entorpecentes) Marco
Antônio Cavaleiro, atual assessor
de Tuma, é apontado pelo ex-diretor-geral da PF Vicente Chelotti
como responsável pelo grampo
instalado no próprio órgão que
gravou conversas suas e contribuiu para sua exoneração em março passado. Cavaleiro nega.
Outra missão dada pelo ministro
ao novo diretor da PF será estabelecer diálogo com o presidente da
Federação Nacional dos Policiais
Federais, Jorge Venerando.
O líder sindical classificou a escolha como uma continuidade da
administração de Chelotti. Monteiro Filho era superintendente da
PF em Minas Gerais desde 1994 e
foi mantido por Chelotti.
Calheiros encomendou um estudo para apontar ao Palácio do Planalto as vantagens da proposta de
criação de mandato para o diretor-geral e os superintendentes.
Em abril do ano passado, o ministro recebeu do presidente um
sinal favorável à idéia de mandato
para o diretor-geral e os superintendentes da PF.
Três meses depois disso, Calheiros obteve de FHC o decreto presidencial 2.685, que estabeleceu o
mandato de três anos para o cargo
de corregedor-geral da PF, ocupado por Arthur Lobo Filho.
Essa medida foi motivada pelas
denúncias feitas por procuradores
da República em São Paulo e no
Rio de Janeiro. Eles elaboraram lista de 143 policiais federais acusados em processos disciplinares e
judiciais de praticar crimes.
A assessoria do Planalto sugeriu
ao ministro que a criação de mandato para diretor-geral e superintendentes da PF conste da MP (medida provisória) criada há um ano
para sanear a PF. A medida, que
afastou cerca de 50 policiais acusados de irregularidades, seria reeditada com essas alterações.
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