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REFORMA SOB PRESSÃO
O fim dos benefícios fiscais e a modificação na cobrança do ICMS são algumas das alterações propostas
Comissão da tributária muda projeto de Lula
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Um dia depois da reunião entre
Planalto e governadores sobre a
reforma tributária, que acabou
em impasse, a comissão da Câmara encarregada de analisar o projeto surpreendeu o governo ao divulgar um relatório preliminar repleto de alterações no texto enviado ao Congresso.
As mudanças atingem pontos
centrais da proposta do governo,
como a forma de cobrança do
ICMS, o fim dos benefícios fiscais
e a nova versão da CPMF.
A divulgação, numa rápida sessão iniciada por volta das 19h, foi
tão improvisada que nem sequer
houve tempo para alterar o título
do documento -"Esboço Parcial
para Discussão Interna".
Foi uma iniciativa do presidente
da comissão, Mussa Demes (PFL-PI), crítico da estratégia do governo de privilegiar as negociações
com os governadores em detrimento do Congresso.
Oficialmente, a idéia também
partiu do relator, Virgílio Guimarães (PT-MG). Seu gabinete, porém, informava durante à tarde
que a sessão da comissão seria fechada, apenas para debates internos, conforme vinha ocorrendo
nos últimos dias.
O relatório divulgado é a terceira versão do texto preparado por
Guimarães a partir de negociações com os membros da comissão. A versão final, que continua
sem data para apresentação e votação, depende ainda do aval do
Planalto e do desfecho dos entendimentos com os governadores.
Ainda que nem todas as alterações sejam mantidas, parece claro
que é irreversível a transformação
do projeto original. No "esboço
parcial" divulgado ontem, percebe-se que o relator buscou satisfazer lobbies regionais e empresariais representados na comissão.
O texto do governo não chegou
a ser desfigurado -o principal de
suas propostas, caso da unificação do ICMS e da prorrogação da
CPMF, foi mantido, embora em
outros termos. Mas a intenção do
ministro Antonio Palocci (Fazenda) de limitar a reforma a poucos
temas consensuais foi atropelada.
Uma comparação simples: o
projeto do Planalto propõe alterar
oito artigos da Constituição e
acrescentar outros quatro, em caráter provisório. O relatório da
comissão altera nada menos que
27 artigos e acrescenta 11 de caráter temporário.
Unificação do ICMS
A unificação do ICMS, tema
mais delicado da reforma, ficou
muito mais complexa no texto de
Guimarães, que decidiu alterar a
forma de distribuição da receita
do imposto -coisa que o governo desistiu de fazer diante da resistência de Estados como São
Paulo e Minas Gerais.
Pelo relatório preliminar, haverá uma alteração gradual na distribuição das receitas, que, a longo prazo, privilegiará os Estados
onde as mercadorias são consumidas. A medida é reivindicada
por especialistas, empresários e
regiões mais pobres.
Exemplo: hoje, para transações
interestaduais de mercadorias cujo ICMS é de 18%, o Estado de origem cobra 12%, e o de destino,
6%; dentro de dez anos, essa relação deverá ser invertida.
Os incentivos para a atração de
empresas, que o projeto do governo proíbe, poderão ser concedidos por mais três anos, segundo o
relatório de Guimarães.
Na CMF, sucessora permanente
da CPMF, acabam os limites mínimo (0,08%) e máximo (0,38%)
para as alíquotas, que poderão variar dependendo da transação tributada.
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