São Paulo, sábado, 24 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"STOP AND GO"

Em discurso, ministro da Fazenda disse que momento é de "otimismo", não de "comemoração" na economia

Palocci rechaça "bolha de crescimento"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Tanto em seu discurso, que antecedeu a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, como em entrevista de cerca de meia hora após o evento, o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) afirmou que o momento é de "otimismo" e não de "comemorações" em torno dos avanços da economia do país.
Por um lado, Palocci rechaçou que exista no governo federal o temor de que o crescimento econômico seja apenas uma "bolha". Por outro, admitiu a "preocupação" de investidores, da população e de empresários a respeito das possibilidades de o Brasil crescer por um longo prazo.
"No crescimento que estamos tendo neste ano não há nenhum aspecto de bolha, nenhum, nenhum. As contas externas sólidas, o Orçamento equilibrado e a inflação controlada garantem um crescimento de longo prazo, que tira qualquer aspecto de bolha", afirmou o ministro, no Planalto, após ouvir uma seqüência de elogios do presidente da República ao seu trabalho na pasta.
Para Palocci, o risco de bolha foi retirado no ano passado, quando a equipe econômica, segundo ele, promoveu uma série de "ajustes necessários" nas contas do país.
"Bolha seria se nós não tivéssemos feito o ajuste no ano passado e deixado a economia crescer com a alta inflação. Aí teríamos uma bolha de curtíssima duração e com graves conseqüências para as rendas das famílias."
Na quarta-feira, em encontro com 17 ministros no Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu empenho total na execução dos programas de governo para que o avanço da economia seja sustentado, e não apenas uma "bolha" de crescimento.
No ano passado, o PIB (Produto Interno Bruto) apresentou uma retração de 0,2%. No primeiro trimestre deste ano, porém, a economia mostrou sinais de recuperação, crescendo 1,6% no período janeiro-março em relação ao trimestre anterior. Em discursos, desde o ano passado, Lula tem tratado do avanço do PIB como uma "obsessão".
Dados recentes mostram o crescimento da renda real e a queda do desemprego nas regiões metropolitanas, segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e o aumento da confiança dos empresários, que esperam faturar e contratar mais, de acordo com pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria).

Sem comemorações
No discurso, improvisado durante a solenidade que marcou a assinatura de duas medidas provisórias e uma sanção, Palocci pediu cautela aos mais otimistas.
"Não é hora ainda para comemorações. É hora para sermos otimistas e para seguirmos no rumo de garantir um crescimento sustentável para o Brasil. A hora de comemoração é quando todos esses benefícios poderem chegar às pessoas mais pobres, aos trabalhadores e àqueles que têm feito a riqueza do país."
E admitiu a "preocupação" de setores da sociedade nas possibilidades de a economia avançar por um longo prazo.
"O que mais preocupa hoje, o povo brasileiro, o empresário brasileiro e o investidor nacional e internacional é saber que o Brasil vai crescer num longo prazo. Saber que o Brasil definitivamente abandonará a linha de crescer num curto prazo e se desorganizar nos anos seguintes. O crescimento e a estabilidade de longo prazo são o que o Brasil precisa para responder aos seus grandes desafios sociais."
(EDUARDO SCOLESE E JULIANNA SOFIA)


Texto Anterior: União quer criminalizar enriquecimento ilícito
Próximo Texto: Lula assina 100ª medida provisória e admite excesso
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.