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"MENSALÃO"/PT
Endividado e em crise, PT enxuga suas despesas
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O desastre financeiro do PT encerrou a "era Blue Tree" do partido, nas palavras de um de seus dirigentes, e vitimou o PED (Processo de Eleição Direta), principal
evento do calendário do partido
no ano. Inicialmente orçado em
R$ 1,4 milhão, o processo que vai
renovar pelo voto direto dos filiados a direção nacional do partido,
em 18 de setembro, sofreu um
corte expressivo. O custo final
ainda não foi fechado, mas o corte
deve chegar a 50%.
A contenção de gastos no que
era para ser a grande vitrine do PT
em 2005 é apenas uma ponta do
esforço de guerra que o partido se
vê obrigado a fazer na era pós-Delúbio Soares, tesoureiro do PT de
2000 até o dia 5 de julho deste ano.
O ex-tesoureiro passou de homem forte para figura desprezada
no partido por ter deixado uma
dívida oficial de R$ 39 milhões. O
rombo dobra se contabilizados os
empréstimos "por fora" tomados
por Delúbio com o empresário
Marcos Valério Fernandes de
Souza, que o partido não tem intenção de honrar.
Na melhor das hipóteses, a dívida equivale a 80% de toda arrecadação do PT no ano passado, de
R$ 48 milhões.
As más notícias não param de
chegar. Nessa semana, a companhia aérea TAM suspendeu um
acordo que tinha com o partido
- de fornecimento de passagens
com desconto- por falta de pagamento. Procurada, a empresa
aérea disse que não comenta contratos comerciais.
O partido agora corre contra o
tempo para encontrar outras opções de vôo antes do início dos
debates do PED, na semana que
vem, que obrigam ao deslocamento de dirigentes partidários.
O primeiro dos 28 marcados, na
semana que vem em Manaus, deve ser transferido para São Paulo,
para economizar gastos.
Blue Tree
"Acabou a era Blue Tree no PT",
diz o organizador da eleição interna, Francisco Campos. A referência é à cadeia de hotéis cinco estrelas que virou o símbolo do descontrole de gastos na gestão Delúbio, que organizava reuniões nos
hotéis da rede. "Agora hospedagem é em hotéis populares, ou
mesmo casas de militantes. Voltamos 15 anos no tempo", afirma
Francisco Campos.
O PT está tendo que ter "criatividade" para viabilizar o PED. A
impressão de 20 mil exemplares
de um jornal contendo as diferentes teses das chapas que disputam
a eleição será feita numa gráfica
que aceitou vender "fiado".
O envio das teses pelo Correios
também não será mais aos 840
mil filiados, como inicialmente
previsto, mas a um grupo de 600
mil petistas. O medo do partido é
de que o processo seja fragilizado
em razão do abatimento da militância. Teme-se que o comparecimento seja inferior a 20%.
"A realização do PED no dia
marcado é uma decisão política
do diretório nacional. O que estamos fazendo é readequar o processo interno de eleição direta à
luz da nova realidade financeira
do partido", afirma o tesoureiro
petista, José Pimentel, que assumiu no lugar de Delúbio.
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