São Paulo, segunda-feira, 24 de julho de 2006

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Painel

Renata Lo Prete @ - painel@uol.com.br

Nota de corte

A CPI dos Sanguessugas está perto de concluir o cruzamento de dados relativos a cerca de 80 dos 112 parlamentares suspeitos de participação na quadrilha das ambulâncias. Já se sabe que pelo menos 11 incorreram na modalidade mais "transparente" de corrupção: são os que tiveram depositado em suas próprias contas bancárias dinheiro da Planam, a empresa que, por meio de licitações fraudadas, fornecia os veículos para prefeituras de todo o país.
É maior o número dos que receberam propina em dinheiro vivo -mais difícil de rastrear-, em contas de assessores e familiares ou que foram compensados de outras formas pelos serviços prestados à Planam.

Página virada. Segundo Fernando Gabeira (PV-RJ), a publicação dos 112 nomes pela revista "Veja" tornou "bizantina" a discussão sobre sigilo que vinha sendo travada na CPI. "A lista é precisa", diz o sub-relator. "Agora, entramos numa fase mais técnica."

SPC. A CPI resolveu dar prioridade aos nomes que estão hoje no Congresso, mas, como prestação de serviço ao eleitor, seu relatório final terá um capítulo sobre os ex-deputados sanguessugas que são candidatos este ano.

Propositiva. Convidadas pela CPI, organizações como Transparência Brasil e Contas Abertas participarão de encontro para discutir formas de envolver a sociedade na fiscalização do Congresso.

Amnésia. Em 2002, José Airton Cirilo, petista apontado como operador do esquema dos sanguessugas na Saúde, ameaçou abrir guerra contra Lula se Ciro Gomes fosse nomeado para a Integração Nacional. Hoje, declara-se entusiasta da aliança com o ex-ministro no Ceará.

Genérico. Contra o desgaste de imagem, a Câmara prepara campanha publicitária. O tema será o Orçamento, e a veiculação se dará nos órgãos da Casa, nas TVs de Assembléias estaduais e em 700 rádios comerciais com as quais o Legislativo tem parceria.

OMO. Nem vermelho, nem azul. O branco predominou nos figurinos de Lula e Marisa durante a agenda de campanha em Recife e Olinda.

Olha eu aqui. O troféu "papagaio de pirata" ficou com Inocêncio Oliveira (PMDB-PE). Veterano de escândalos, não desgrudou do presidente em Pernambuco. "Lula é meu amigo", explica.

Mulher macho. Um ministro de de Lula prevê algum endurecimento no discurso de Geraldo Alckmin em resposta ao sucesso da aguerrida Heloísa Helena: "Ou então o eleitor concluirá que só ela usa calças na oposição".

Dona delegada. HH fará no final do mês um evento de campanha sobre segurança para mostrar firmeza contra o PCC. Vai se encontrar com policiais feridos e carcereiros, além das tradicionais entidades de direitos humanos.

Reciclagem. O Fome Zero naufragou e virou anexo do Bolsa-Família, mas dois de seus idealizadores, os professores da Unicamp Maya Takagi e Walter Belik, elaboram o capítulo dedicado à segurança alimentar no novo plano de governo de Lula.

Juntinhos. Sorteio entre os 16 candidatos ao governo de São Paulo deixou "colados", na seqüência do horário gratuito, os programas de José Serra e Aloizio Mercadante. O tucano vem antes do petista.

A ilha. Já o programa de Orestes Quércia (PMDB), terceiro colocado na disputa, ficará insulado entre nanicos.

Truque. Correligionários notaram que Eduardo Suplicy chega aos eventos de campanha na undécima hora, quando Mercadante já está discursando. Assim, pega a casa cheia e encerra o espetáculo.

Tiroteio

Ele é quem deveria lavar a boca. Está desdentado. Cada dente que perdeu é um escândalo de corrupção de seu governo.


Do senador JORGE BORNHAUSEN (SC), presidente nacional do PFL, sobre Lula, que durante comício sábado em Recife disse que a oposição deveria "lavar a boca" antes de citar seu nome.

Contraponto

Me dê motivo

Na comemoração dos 109 anos da Academia Brasileira de Letras, quinta passada, o escritor Lêdo Ivo contava a parlamentares histórias de Afonso Arinos de Melo Franco (1905-1990), que foi seu companheiro na ABL.
Certa vez, os acadêmicos tentavam garantir a presença de Arinos no chá. Ao primeiro telefonema, ele disse que não iria. Um velho amigo do senador repreendeu os colegas pelo amadorismo: afirmou que havia um truque para convencê-lo a comparecer. Ligou de novo e falou:
-Olá, Afonso, como vai? Nós estamos aqui e já começamos a falar mal do Gilberto Freyre.
Em questão de minutos, Arinos chegou ao local.


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