|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hoje aposentado, Janene mantém seu poder no PP
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Aposentado no início deste
ano por invalidez pela Câmara,
José Janene (PP-PR), 51, apontado como operador do PP no
esquema do mensalão, diz estar
fora do jogo político. Ele, porém, permanece no Diretório
Nacional do PP (foi reeleito 1º
tesoureiro) e com intensa atividade partidária (mantém escritório político em Londrina).
De segunda a quinta ele trabalha em São Paulo como consultor de empresas. Janene nega atividades políticas. Diz estar cuidando da "vida e da saúde", já que se prepara para uma
cirurgia no coração no final do
ano, mas não diz que consultoria faz em São Paulo: "Estou definitivamente fora da política.
Não saio candidato a nada e não
apóio nenhum candidato. Vou
cuidar da vida, da saúde e dos
meus filhos, que estão ainda
novos". Questionado sobre sua
participação no mensalão, declarou: "Não tenho nada a falar.
Tudo que se fala neste país não
pega no homem [Lula]".
Apesar da aposentadoria, Janene continua com foro privilegiado. É que a maioria de
ações contra ele no Supremo
Tribunal Federal envolve o ex-prefeito de Londrina Antônio
Belinati (PP), que foi eleito deputado estadual em 2006.
Com isso, os processos contra Janene, que estão sendo devolvidos pelo STF à primeira
instância da Justiça em Londrina, por ele não ser mais deputado, são remetidos ao Tribunal
de Justiça do Paraná, que julga
deputados estaduais. A promotora Leila Shimiti Voltarelli lamenta o sobe-e-desce das
ações: "Essa prerrogativa [foro]
é um empecilho à Justiça".
O advogado de Janene, Adolfo Góis, atribui o problema ao
Ministério Público do Paraná.
"Em busca de sensacionalismo,
o MP envolveu um grande número de réus nas ações e o nome do Janene entrou no meio
por ter indicados pessoas a cargos." Segundo ele, em dois processos que chegaram a ser julgados no STF a decisão foi pelo
arquivamento das denúncias.
Além do agravamento de sua
cardiopatia, Janene está com
seus bens indisponíveis pela
Justiça Federal, em razão de
ação que envolve sua mulher e
um primo, acusados de sonegação e lavagem de dinheiro.
Em setembro de 2006, o
MST invadiu sua fazenda em
Londrina para denunciar o uso
de dinheiro do mensalão, por
Janene, para comprar a propriedade e uma outra em Faxinal (PR). Em janeiro deste ano,
homens armados retiraram os
sem-terra. Janene nega ter determinado a desocupação.
Texto Anterior: Julgamento do mensalão: Dívida do PT com BMG e Rural aumentou 58% desde 2003 Próximo Texto: Presidente Lula concentrou poder após crise do mensalão, diz professor da USP Índice
|