São Paulo, sexta-feira, 24 de agosto de 2007

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Hoje aposentado, Janene mantém seu poder no PP

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Aposentado no início deste ano por invalidez pela Câmara, José Janene (PP-PR), 51, apontado como operador do PP no esquema do mensalão, diz estar fora do jogo político. Ele, porém, permanece no Diretório Nacional do PP (foi reeleito 1º tesoureiro) e com intensa atividade partidária (mantém escritório político em Londrina).
De segunda a quinta ele trabalha em São Paulo como consultor de empresas. Janene nega atividades políticas. Diz estar cuidando da "vida e da saúde", já que se prepara para uma cirurgia no coração no final do ano, mas não diz que consultoria faz em São Paulo: "Estou definitivamente fora da política. Não saio candidato a nada e não apóio nenhum candidato. Vou cuidar da vida, da saúde e dos meus filhos, que estão ainda novos". Questionado sobre sua participação no mensalão, declarou: "Não tenho nada a falar. Tudo que se fala neste país não pega no homem [Lula]".
Apesar da aposentadoria, Janene continua com foro privilegiado. É que a maioria de ações contra ele no Supremo Tribunal Federal envolve o ex-prefeito de Londrina Antônio Belinati (PP), que foi eleito deputado estadual em 2006.
Com isso, os processos contra Janene, que estão sendo devolvidos pelo STF à primeira instância da Justiça em Londrina, por ele não ser mais deputado, são remetidos ao Tribunal de Justiça do Paraná, que julga deputados estaduais. A promotora Leila Shimiti Voltarelli lamenta o sobe-e-desce das ações: "Essa prerrogativa [foro] é um empecilho à Justiça".
O advogado de Janene, Adolfo Góis, atribui o problema ao Ministério Público do Paraná. "Em busca de sensacionalismo, o MP envolveu um grande número de réus nas ações e o nome do Janene entrou no meio por ter indicados pessoas a cargos." Segundo ele, em dois processos que chegaram a ser julgados no STF a decisão foi pelo arquivamento das denúncias.
Além do agravamento de sua cardiopatia, Janene está com seus bens indisponíveis pela Justiça Federal, em razão de ação que envolve sua mulher e um primo, acusados de sonegação e lavagem de dinheiro.
Em setembro de 2006, o MST invadiu sua fazenda em Londrina para denunciar o uso de dinheiro do mensalão, por Janene, para comprar a propriedade e uma outra em Faxinal (PR). Em janeiro deste ano, homens armados retiraram os sem-terra. Janene nega ter determinado a desocupação.


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