São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TODA MÍDIA

Não foi questionado

NELSON DE SÁ

Inusitadamente, foi da Globo a primeira crítica ao tom camarada das perguntas feitas na entrevista coletiva de Lula. Da Globo, logo depois:
- Foram duas horas com 13 emissoras de rádio, mas Lula não foi questionado quanto aos assuntos mais polêmicos.
Note-se que o próprio Lula saiu da entrevista declarando a sua surpresa com uma pressão tão baixa nas perguntas.
Note-se também que a própria Globo estava representada na coletiva pelo âncora Heródoto Barbeiro, da rádio CBN, que é parte das Organizações.
 
O site claudiohumberto. com.br observava antes mesmo da entrevista que não seriam "toleradas réplicas" da parte dos entrevistadores, supostamente "em nome do tempo". Avaliação do ex-assessor de Collor:
- O Palácio do Planalto não resiste à tentação de controlar.
 
Na rádio Bandeirantes, "Lula se desculpa". Na Jovem Pan, "Lula se desculpa". Também nas demais rádios que estiveram na entrevista coletiva, ontem, as desculpas foram manchete.
Assim como nos sites, caso da Globo On Line, e nos canais de notícias, caso da Globo News. Só ficou de fora o Jornal Nacional.
De sua parte, na Jovem Pan, CBN etc., o governador Geraldo Alckmin elogiou as desculpas como "um ato de sabedoria".
E inesperadamente, já que foi ele quem apontou a ilegalidade, ainda no domingo, encerrou:
- O episódio está superado.
Para o governador, até pode ser. Já o presidente da OAB, nas mesmas rádios, criticou Lula e afirmou que o assunto está nas mãos do Ministério Público.
Não por coincidência, no final da tarde entrou no site eleitoral de Marta Suplicy, após cinco longos dias, uma notícia de 2000 -dando conta da declaração de voto de FHC em Alckmin, então candidato a prefeito, durante a visita a uma obra pública.
 
Mas o JN, que para muitos é o que importa, também inocentou Lula, via Franklin Martins:
- As desculpas vieram em boa hora. Ele explicou que errou porque improvisou no discurso e prometeu ser mais comedido. Afinal, tem que ser o primeiro a respeitar a lei. E assim do limão se fez uma limonada. Ficou mais claro para todo mundo o que as autoridades podem ou não fazer nas campanhas. Isso vale para Lula, governadores e prefeitos. Cabe ao eleitor marcar em cima.
E ainda tem que diz que a Rede Globo mudou, está diferente.

DESERTO DE EMPREGOS

France Presse
Emprego só em Birigüi, na foto do "NYT"


"O desemprego volta a subir depois de três meses", ecoavam manchetes do Jornal da Record e dos demais, ontem. O "New York Times", por coincidência, deu ontem reportagem de Todd Benson, com a história de Isabel e seu marido, que fugiram de São Paulo para achar emprego em Birigüi. "Um número crescente de brasileiros está vendo que é cada vez mais difícil conseguir um bom emprego em áreas como São Paulo", daí o título da reportagem:
- Por emprego, brasileiros desertam suas cidades.
E foi antes das quedas no emprego e na renda.

Saída
Lula finalmente abriu o jogo e, segundo o Jornal da Record e outros, manifestou seu apoio à reeleição no Congresso.
Não se viu reação de Renan Calheiros, mas o ministro Aldo Rebelo correu à Jovem Pan para dizer que está em "conversas" para uma saída "satisfatória" para ele e seus adversários.

PT com PFL
A Globo On Line noticiou que o pefelista Cesar Maia gravou apoio ao petista Lindberg Farias, candidato em Nova Iguaçu. Vai para a propaganda do PT.
Não sem ironia, Maia disse que não usaria as imagens no Rio para não "constranger" o petista local, Jorge Bittar.

"Pesquisa"
O site eleitoral do PSDB vem destacando que José Serra tem "mais de 62% das intenções de voto" no que agora chama de "pesquisa" da Jovem Pan.
A rádio, que é mais cuidadosa, sublinha que se trata de "mero levantamento de opinião, sem controle de amostra", ou seja, sem "método científico".

Continuidade
O ministro Antônio Palocci já recebeu os apoios de sempre. O FMI, noticiou o Valor On Line no início da tarde, correu a dar o seu aos cortes anunciados:
- FMI elogia esforço fiscal do Brasil e ações contra a inflação.
Também o ex-ministro Pedro Malan, anteontem no meio de um jantar beneficente, ao lado de FHC, deu seu depoimento, segundo a rádio Bandeirantes:
- O governo Lula reforça [com os cortes] o compromisso com a responsabilidade fiscal.

Acordo, não
O "acordo" para inspeção das instalações nucleares do Brasil foi manchete no JN, anteontem.
Mas ontem a BBC Brasil trazia o porta-voz da agência da ONU dizendo que que houve "alguns progressos", mas acordo, não. "Continuamos as discussões."

Escala industrial
Mas a mesma Globo saiu anunciando, após o "acordo", notícia até mais inusitada:
- Em novembro, o país passa a produzir urânio enriquecido em escala industrial.


Texto Anterior: OAB-SP prepara ato público pela volta da Justiça
Próximo Texto: Transposição das águas: Estudo vê pontos negativos no São Francisco
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.