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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /CÂMARA NO ESCURO
Presidente pede ajuda de aliados peemedebistas para tentar tirar Michel Temer da disputa
Lula convoca ministros do PMDB a trabalhar por Aldo
Adriano Machado/Folha Imagem
![](../images/n2409200501.jpg) |
O presidente Lula ontem, durante evento de lançamento de programa de ensino profissionalizante |
KENNEDY ALENCAR
FERNANDO RODRIGUES
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva convocou ontem os três ministros do PMDB para cobrar
apoio da bancada do partido na
Câmara à candidatura de Aldo
Rebelo (PC do B-SP) a presidente
da Casa. Lula ouviu que seria "difícil" e que teriam de "trabalhar
muito", segundo expressão de um
deles, para obter o apoio de mais
de 40 entre os atuais 88 deputados
federais do PMDB. Em fase de
cooptação, a sigla deverá conquistar mais cadeiras até quarta-feira,
dia da eleição na Câmara.
Num encontro rápido, Lula disse que pediria a todos os ministros de partidos aliados e do PT
que trabalhassem a favor de Aldo,
candidato oficial. Depois, deixou
os três ministros conversando
com o articulador político do governo, o ministro Jaques Wagner
(Relações Institucionais)
Simultaneamente, o governo
acenou ontem com a liberação de
R$ 500 milhões para pagar emendas parlamentares (leia na pág.
A5), o que sempre ajuda nas articulações do governo no Congresso, apesar de, nos últimos tempos,
a gestão Lula ter colecionado derrotas.
Estiveram com Lula e Wagner
os ministros peemedebistas Silas
Rondeau (Minas e Energia), que
quase não falou no encontro, Hélio Costa (Comunicações) e Saraiva Felipe (Comunicações).
Numa avaliação preliminar,
Costa disse que, na conjuntura
atual, Aldo Rebelo pode ter menos que os 52 votos obtidos recentemente pelo líder do PMDB na
Câmara, Wilson Santiago (PB),
para se manter no cargo. A estimativa realista é que o candidato
governista terá algo em torno de
40 votos peemedebistas.
"A base tem de se unir de novo.
O Aldo é jeitoso, foi um bom líder
do governo e acho que tem condição de ganhar se vocês e os outros
ministros ajudarem ", disse Lula,
segundo relato de um auxiliar à
Folha. Lula e Wagner disseram
ainda que gostariam que os ministros convencessem o presidente do PMDB, Michel Temer (SP),
a desistir de ser candidato a presidente em benefício de Aldo.
Mais uma vez Lula ouviu que
seria "difícil" e que eles, por serem
ministros na cota da ala governista do PMDB, não teriam sucesso
na empreitada. Temer é do grupo
oposicionista da sigla.
Wagner chegou a dizer que Temer já estaria mais "calmo" hoje
-depois de ter visto sua candidatura ser abandonada pela ala governista do PMDB anteontem. O
articulador de Lula ouviu interpretação oposta. Temer estaria
"uma fera" com Renan Calheiros,
presidente do Senado. A avaliação
geral é que uma eventual desistência de Temer será para apoiar
algum candidato anti-Planalto
-possivelmente o oposicionista
José Thomaz Nonô (PFL-AL).
Em conversa com Lula na quarta-feira à noite, na Granja do Torto, Renan bombardeou Temer,
que negociava com Wagner o
apoio do governo a ele. Renan
prometeu a Lula cerca de 60 votos
a favor de Aldo. Ontem, os ministros disseram que essa marca dificilmente será atingida.
Lula, então, demonstrou impaciência. Afirmou que Renan tinha
avaliação mais otimista e que não
foi ele quem vetou Temer. O presidente afirmou: "Não tenho nenhum problema com ele [Temer],
ainda mais depois que o PSDB e o
PFL decidiram ter outro candidato [Nonô]".
Segundo auxiliares de Lula ouvidos pela Folha, o presidente não
fechou com Temer porque o seu
próprio partido se mostrou dividido no apoio a ele e porque Renan e os líderes do PT, do PSB e
do PC do B disseram que Aldo seria mais viável.
O ministro Wagner relatou que
dera início a negociações para levar João Caldas (PL-AL) a desistir
de sua candidatura a favor de Aldo e para impedir que Ciro Nogueira (PP-PI) se lance na disputa
com apoio do baixo clero (grupo
de parlamentares de pouca visibilidade pública). Lula afirmou que
estava trabalhando também o
PTB e que se encontrara no dia
anterior com o líder petebista na
Câmara, José Múcio. O PTB, partido de Roberto Jefferson, pertence à base do governo, mas se encontra um pouco mais distante
do Planalto devido ao escândalo
do mensalão.
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