|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Hildebrando é condenado a 18 anos de prisão
Júri acriano entendeu que ex-deputado foi responsável por matar um homem após sessão de tortura com uma motosserra
Ministério Público havia pedido pena máxima (30 anos de prisão), mas ela
foi reduzida pelos jurados; defesa disse que vai recorrer
LUCAS FERRAZ
ENVIADO ESPECIAL A RIO BRANCO (AC)
O ex-coronel da Polícia Militar do Acre e deputado federal
cassado Hildebrando Pascoal
foi condenado ontem, após três
dias de julgamento, a 18 anos
por homicídio triplamente
qualificado no caso conhecido
como crime da motosserra.
O Ministério Público Estadual pediu pena máxima, de 30
anos de prisão, reduzida pela
maioria dos sete jurados sorteados pelo Tribunal do Júri de
Rio Branco, todos homens de
meia idade.
O promotores também pediram ao juiz Leandro Gross que
Hildebrando indenizasse em
R$ 500 mil a família da vítima,
Agílson Santos, conhecido como Baiano, o que foi rejeitado.
Dois denunciados por participar do crime, um primo do
ex-coronel e um ex-policial, foram absolvidos. Falta julgar
duas pessoas, uma delas um irmão de Hildebrando, o que deve ocorrer na semana que vem.
Do início da leitura da sentença, às 21h19, até o final, 30
minutos depois, Hildebrando
permaneceu sentado, imóvel.
Nem ele nem as cerca de 120
pessoas que acompanhavam de
pé a sessão se manifestaram.
O advogado dele, Sanderson
Moura, anunciou que vai recorrer ao TJ para tentar anular o
julgamento e reduzir a pena.
Para o Ministério Público,
responsável pela denúncia
apresentada dez anos atrás, foi
feita justiça, ainda que a pena
tenha sido menor que a pedida.
"A sociedade do Acre deu a
resposta que entendeu pertinente", afirmou após a sessão o
juiz Leandro Gross.
Preso desde 1999, quando teve o cargo de deputado cassado
e foi denunciado pelo crime,
Hildebrando, como entendeu a
maioria do júri, foi o responsável por matar um homem com
tiros na cabeça após sessão de
tortura em que a vítima teve os
olhos perfurados, pernas, braços e pênis amputados com
uma motosserra, além de ter
um prego cravado na cabeça.
A vítima trabalhava para um
homem acusado de matar um
irmão do ex-coronel. O filho
dele, de 13 anos, também foi
morto por pessoas supostamente ligadas a Hildebrando (o
caso será julgado à parte). Baiano morreu porque não sabia o
paradeiro do patrão, segundo a
Promotoria; o filho dele, por
não saber onde estava o pai.
O crime, ocorrido em julho
de 1996, chocou o país. O que
restou do corpo da vítima foi jogado em uma agora movimentada avenida de Rio Branco.
O caso veio à tona há dez
anos, durante as investigações
da CPI do Narcotráfico, que revelou como um ex-coronel da
PM e deputado federal tinha
total poder no Acre, com influência em todos os níveis institucionais do Estado.
Com a condenação de ontem,
são mais de cem anos de pena.
Ele já havia sido condenado por
outros dois homicídios, tráfico
internacional de drogas, formação de quadrilha e crimes eleitorais (trocava cocaína por votos) e financeiros.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Governador de MS tem que "sair do armário", diz Minc Índice
|