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OUTRO LADO
Oficiais negam favorecimento
da Reportagem Local
O capitão Cláudio Borges e o
suboficial Peter Gama, da Dumont, negam ter feito tráfico de
influência e atribuem a denúncia a uma empresa concorrente.
Os dois visitaram a Redação
da Folha na última quarta-feira
para falar sobre o caso, mas ressaltaram que não estavam como
militares. A entrevista foi gravada, a pedido dos empresários.
Abreu Neto disse que não daria entrevista, mas depois avisou que seus sócios falariam em
seu nome. Giovanelli não foi localizado pela Folha.
""Muitas pessoas costumam
dizer que o sucesso da Dumont
é baseado no fato de algumas
das pessoas que trabalham lá serem militares. Isso é uma inverdade. Ninguém cresce como
nós crescemos por tráfico de influência. Nós temos competência técnica", afirma Borges.
""Além disso, nenhuma das
nossas concorrentes está habilitada a fazer helipontos porque
não são empresas de engenharia. São apenas empresas de
consultoria", diz Peter.
Borges afirma que os donos
da Dumont não se apresentam
aos clientes como militares, ao
contrário do que fariam seus
concorrentes. ""Nós nos apresentamos como engenheiros."
O capitão reconhece que sua
empresa é a única que tem militares da ativa entre os donos,
mas afirma que não é possível a
aprovação de um projeto irregular. ""É impossível um projeto
defeituoso passar sem ser detectado", afirma Borges.
Ele explica que cada projeto é
enviado a três órgãos diferentes
do Comar, que analisam questões de engenharia e de segurança de vôo. Depois, o relatório
vai para o Rio de Janeiro, onde o
projeto é analisado outra vez
por órgãos de âmbito nacional.
Os dois dizem que o tempo de
tramitação dos projetos da Dumont não é substancialmente
menor do que o das outras empresas. Borges estima em cerca
de 8% a redução.
""Isso acontece porque nossos
projetos são bem feitos e porque
nós temos um esquema de
acompanhamento" que, segundo ele, permitiria correções
mais rápidas de eventuais erros.
Borges, em princípio, negou
que tenha feito obras para a Aeronáutica. ""Não prestamos serviço para a Aeronáutica. Prestamos um serviço para a Infraero,
mas foi só para colocar a Infraero no currículo. Foi o desenho
de sinalização de um pátio."
Mas, em seguida, admitiu ter
ganho uma licitação para ""uma
reforma elétrica nos prédios do
Campo de Marte".
Ele afirma não ver problemas
éticos no fato de ele e os sócios
terem feito projetos de helipontos na Dumont e, ao mesmo
tempo, julgarem esses mesmos
processos na Aeronáutica.
""Eu tenho consciência tranquila de que não há privilégios.
Eu não aprovo projetos. Faço
bons projetos e bons projetos
são aprovados", afirma.
Borges e Peter criticaram a
forma como a Aeronáutica conduz a investigação sobre os sócios da Dumont. Eles acusam o
4º Comar de impedir sua defesa.
""Na sindicância, não foi formalizada nenhuma denúncia.
Fomos chamados só para sermos ouvidos. Prestamos depoimento na boa-fé. Saí da sindicância, protocolei um documento pedindo cópia autenticada de toda a documentação, no
dia 15 de julho. Não me deram
nem uma folha que pudesse levar para o meu advogado", relata o capitão.
Ele ataca também as prisões.
Diz que nenhuma atitude poderia ser tomada antes do término
do IPM. Por isso os militares
vão entrar com um mandado de
segurança, para que as punições
sejam canceladas. Os militares
querem ter acesso aos documentos do inquérito.
Eles acusam a Aeronáutica de
dar ouvidos a denúncias sem
fundamento. ""Na Aeronáutica,
uma denúncia vazia, que num
local sério você joga na lata do lixo, recebe a tarja de "informe"."
Crescimento
A empresa foi fundada em 93,
com o nome Dumont Representações, Comércio e Consultoria Aeroportuária Ltda. Na
época, resumia-se a uma sala
em um edifício comercial na
avenida Lins de Vasconcelos.
"Crescemos rápido. Em seis
meses, tínhamos três salas. Em
um ano e meio, eram cinco",
lembra Borges.
Em 98, já com a atual razão social, a Dumont transferiu-se para uma casa, na rua Senador
Teixeira de Carvalho. Os dois
endereços são próximos da sede
do 4º Comar.
(RC e MD)
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