São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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Com balança ruim, investimento sobe

DA REPORTAGEM LOCAL

A contrapartida do desempenho ruim da balança comercial nos anos FHC foi um significativo aumento do fluxo de investimentos para o Brasil. Mas, segundo economistas, os recursos recebidos pelo país não foram suficientes para compensar a fragilidade das contas externas.
Dados elaborados pelo BBV Banco, a pedido da Folha, mostram que o percentual dos recursos de médio e longo prazo atraídos pelo Brasil que viraram investimentos na economia saltou de 2,7% do total em 1995 para 20,3% em 2000. No ano passado, esse percentual caiu para 16,6%.
Segundo o economista Fernando Barbosa, do BBV Banco, o aumento dos investimentos diretos na economia representou uma melhora significativa no perfil de financiamento externo do país.
No entanto a maior parte do dinheiro que entrou no país nos últimos anos sob a rubrica de investimentos sempre foi, na verdade, destinada à renovação de dívidas já contraídas.
Do total de recursos de médio e longo prazos recebidos pelo Brasil em 1995, 52,8% representaram rolagem de dívidas. Esse percentual chegou a cair para 37% em 1997 e para 36,6% em 1998, mas depois voltou a subir. Em 2001, as rolagens representaram 57,1% do total de investimentos.

Serviços
O economista e professor da Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo lembra que dos recursos convertidos em investimentos diretos no país, a maior parcela foi parar no setor de serviços.
Segundo Belluzzo, esses investimentos não contribuíram, de forma significativa, para tornar as contas externas brasileiras menos vulneráveis. Isso porque o setor de serviços não é exportador.
"As privatizações, assim como a abertura do setor financeiro, atraíram muitos recursos de fora. Mas a maior parte desse dinheiro foi destinada ao setor de serviços. O problema disso é que esses investimentos não ajudaram a reverter o problema da fragilidade externa", diz Belluzzo.
Por outro lado, segundo o economista Luciano Coutinho, esses investimentos estrangeiros geraram uma pressão no balanço de pagamentos porque levaram ao aumento do envio de remessas para o exterior, sob a forma de lucros e dividendos. (ER)


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