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Com balança ruim, investimento sobe
DA REPORTAGEM LOCAL
A contrapartida do desempenho ruim da balança comercial
nos anos FHC foi um significativo
aumento do fluxo de investimentos para o Brasil. Mas, segundo
economistas, os recursos recebidos pelo país não foram suficientes para compensar a fragilidade
das contas externas.
Dados elaborados pelo BBV
Banco, a pedido da Folha, mostram que o percentual dos recursos de médio e longo prazo atraídos pelo Brasil que viraram investimentos na economia saltou de
2,7% do total em 1995 para 20,3%
em 2000. No ano passado, esse
percentual caiu para 16,6%.
Segundo o economista Fernando Barbosa, do BBV Banco, o aumento dos investimentos diretos
na economia representou uma
melhora significativa no perfil de
financiamento externo do país.
No entanto a maior parte do dinheiro que entrou no país nos últimos anos sob a rubrica de investimentos sempre foi, na verdade,
destinada à renovação de dívidas
já contraídas.
Do total de recursos de médio e
longo prazos recebidos pelo Brasil
em 1995, 52,8% representaram
rolagem de dívidas. Esse percentual chegou a cair para 37% em
1997 e para 36,6% em 1998, mas
depois voltou a subir. Em 2001, as
rolagens representaram 57,1% do
total de investimentos.
Serviços
O economista e professor da
Unicamp Luiz Gonzaga Belluzzo
lembra que dos recursos convertidos em investimentos diretos no
país, a maior parcela foi parar no
setor de serviços.
Segundo Belluzzo, esses investimentos não contribuíram, de forma significativa, para tornar as
contas externas brasileiras menos
vulneráveis. Isso porque o setor
de serviços não é exportador.
"As privatizações, assim como a
abertura do setor financeiro,
atraíram muitos recursos de fora.
Mas a maior parte desse dinheiro
foi destinada ao setor de serviços.
O problema disso é que esses investimentos não ajudaram a reverter o problema da fragilidade
externa", diz Belluzzo.
Por outro lado, segundo o economista Luciano Coutinho, esses
investimentos estrangeiros geraram uma pressão no balanço de
pagamentos porque levaram ao
aumento do envio de remessas
para o exterior, sob a forma de lucros e dividendos.
(ER)
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