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GOVERNADORES
Candidatos divergem sobre o grau de proximidade com o governo federal
RIO GRANDE DO SUL
GERMANO RIGOTTO
Peemedebista diz ser "independente", mas quer parceria
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Aliado do tucano José Serra e
ex-líder de Fernando Henrique
Cardoso no Congresso, o candidato do PMDB ao governo gaúcho, Germano Rigotto, diz que o
petista Luiz Inácio Lula da Silva
não representa qualquer temor
para a economia nacional.
"Não acredito em uma fuga de
capitais ou em turbulências econômicas caso Lula seja eleito. Não
procede nenhum temor quanto a
isso. Mesmo assim acho o Serra
mais preparado", diz ele.
Rigotto diz que já teve "várias
vezes" postura independente em
relação ao governo FHC.
Agência Folha - Como aliado de
José Serra e opositor a Lula, caso o
candidato do PT vença as eleições,
o sr. não prevê um relacionamento
complicado?
Germano Rigotto - Caso Serra
vença, não serei submisso ao presidente. Vou puxar o governo federal para ajudar o Estado a se desenvolver mais. Caso seja o Lula,
não vou buscar o confronto. Não
acredito em retaliação. Tenho um
trabalho reconhecido em Brasília.
Independentemente de quem ganhe, o segundo e o terceiro escalão permanecerão com algumas
pessoas que já estão lá. Nem tudo
será trocado. Isso é muito importante para um governador.
Agência Folha - Se o sr. for eleito
governador e Lula presidente, o
PMDB estará na oposição, e o sr. será governador de um dos Estados
mais importantes. Não é importante se assumir como oposicionista?
Rigotto - Bem ao contrário. Temos de respeitar os interesses do
Estado. Não é entrando em confronto que resolveremos nossos
problemas. Precisamos do governo federal para uma parceria.
Agência Folha - O sr. se diria um
independente?
Rigotto - Tive postura independente diversas vezes em relação
ao governo Fernando Henrique
Cardoso. Votei contra a flexibilização trabalhista, por exemplo, e
denunciei a falta de empenho em
relação à reforma tributária.
Agência Folha - Seu governo seria
uma continuação do estilo implementado pelo ex-peemedebista
Antônio Britto (que se candidatou
no primeiro turno pelo PPS e é aliado de Rigotto no segundo turno
das eleições ao governo), que governou o Estado antes de o PT assumir (entre 1995 e 1998)?
Rigotto - Com certeza, meu governo não terá nada a ver com o
governo de Britto. Atualmente,
não há privatizações para serem
feitas. A Procergs (empresa de
processamento de dados do governo), por exemplo, continuará
estatal. O governo Britto se preocupou muito em trazer grandes
empresas para o Estado. Não buscarei nem tanto as grandes empresas, nem apenas a matriz produtiva local. Claro que qualquer
projeto deve ter como base a matriz produtiva, mas também deve
olhar para os grandes investimentos. São enfoques diferentes e formas diferentes de trabalhar as desigualdades entre regiões do Estado. O Britto, além disso, realizou
uma administração em que ele se
isolou muito. Meu estilo é bem diferente nesse ponto também.
Agência Folha - O sr. acredita
que, caso seja eleito, Lula pode representar algum tipo de medo para
a economia nacional?
Rigotto - Não acredito. Não haverá fuga de capitais ou turbulências caso Lula seja eleito. Não procede nenhum temor quanto a isso. Mesmo assim, acho Serra mais
preparado para ser o presidente.
Agência Folha - Qual será sua primeira medida como governador?
Rigotto - Em primeiro lugar, vou
implementar meu projeto de desenvolvimento. No primeiro dia,
vamos reunir nossa equipe e despartidarizar o governo. Não é no
primeiro dia que vamos modificar o Estado.
Agência Folha - Como o sr. tratará
a dívida do Estado com a União?
Rigotto - Tentarei falar com o
presidente para reduzir os 13%
das receitas comprometidos
anualmente, para termos um
pouco de oxigênio.
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