São Paulo, quinta-feira, 24 de outubro de 2002

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GOVERNADORES

Candidatos divergem sobre o grau de proximidade com o governo federal

RIO GRANDE DO SUL

GERMANO RIGOTTO

Peemedebista diz ser "independente", mas quer parceria

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Aliado do tucano José Serra e ex-líder de Fernando Henrique Cardoso no Congresso, o candidato do PMDB ao governo gaúcho, Germano Rigotto, diz que o petista Luiz Inácio Lula da Silva não representa qualquer temor para a economia nacional.
"Não acredito em uma fuga de capitais ou em turbulências econômicas caso Lula seja eleito. Não procede nenhum temor quanto a isso. Mesmo assim acho o Serra mais preparado", diz ele.
Rigotto diz que já teve "várias vezes" postura independente em relação ao governo FHC.

Agência Folha - Como aliado de José Serra e opositor a Lula, caso o candidato do PT vença as eleições, o sr. não prevê um relacionamento complicado?
Germano Rigotto -
Caso Serra vença, não serei submisso ao presidente. Vou puxar o governo federal para ajudar o Estado a se desenvolver mais. Caso seja o Lula, não vou buscar o confronto. Não acredito em retaliação. Tenho um trabalho reconhecido em Brasília. Independentemente de quem ganhe, o segundo e o terceiro escalão permanecerão com algumas pessoas que já estão lá. Nem tudo será trocado. Isso é muito importante para um governador.

Agência Folha - Se o sr. for eleito governador e Lula presidente, o PMDB estará na oposição, e o sr. será governador de um dos Estados mais importantes. Não é importante se assumir como oposicionista?
Rigotto -
Bem ao contrário. Temos de respeitar os interesses do Estado. Não é entrando em confronto que resolveremos nossos problemas. Precisamos do governo federal para uma parceria.

Agência Folha - O sr. se diria um independente?
Rigotto -
Tive postura independente diversas vezes em relação ao governo Fernando Henrique Cardoso. Votei contra a flexibilização trabalhista, por exemplo, e denunciei a falta de empenho em relação à reforma tributária.

Agência Folha - Seu governo seria uma continuação do estilo implementado pelo ex-peemedebista Antônio Britto (que se candidatou no primeiro turno pelo PPS e é aliado de Rigotto no segundo turno das eleições ao governo), que governou o Estado antes de o PT assumir (entre 1995 e 1998)?
Rigotto -
Com certeza, meu governo não terá nada a ver com o governo de Britto. Atualmente, não há privatizações para serem feitas. A Procergs (empresa de processamento de dados do governo), por exemplo, continuará estatal. O governo Britto se preocupou muito em trazer grandes empresas para o Estado. Não buscarei nem tanto as grandes empresas, nem apenas a matriz produtiva local. Claro que qualquer projeto deve ter como base a matriz produtiva, mas também deve olhar para os grandes investimentos. São enfoques diferentes e formas diferentes de trabalhar as desigualdades entre regiões do Estado. O Britto, além disso, realizou uma administração em que ele se isolou muito. Meu estilo é bem diferente nesse ponto também.

Agência Folha - O sr. acredita que, caso seja eleito, Lula pode representar algum tipo de medo para a economia nacional?
Rigotto -
Não acredito. Não haverá fuga de capitais ou turbulências caso Lula seja eleito. Não procede nenhum temor quanto a isso. Mesmo assim, acho Serra mais preparado para ser o presidente.

Agência Folha - Qual será sua primeira medida como governador?
Rigotto -
Em primeiro lugar, vou implementar meu projeto de desenvolvimento. No primeiro dia, vamos reunir nossa equipe e despartidarizar o governo. Não é no primeiro dia que vamos modificar o Estado.

Agência Folha - Como o sr. tratará a dívida do Estado com a União?
Rigotto -
Tentarei falar com o presidente para reduzir os 13% das receitas comprometidos anualmente, para termos um pouco de oxigênio.


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