DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL EM BRASÍLIA

O deputado José Dirceu (PT-SP) disse ontem, por meio de sua assessoria, que avaliou como "muito rigorosa" a punição contra Delúbio Soares e que votou contra a expulsão do ex-tesoureiro porque considera que ele não cometeu "irregularidade em benefício próprio".
O ex-ministro disse que pediu a Delúbio para se desligar espontaneamente do partido antes da reunião de sábado.
Dirceu defendeu a suspensão do ex-tesoureiro por três anos, com possibilidade de revisão.
O deputado -que deve ter seu pedido de cassação aprovado nesta semana pelo Conselho de Ética da Câmara- disse ainda ter entendido que o partido, ao divulgar uma resolução no sábado, fez uma mea-culpa e compartilhou erros com Delúbio.
Com apoio de 37 dos 56 integrantes do Diretório Nacional, presentes na votação do último sábado em São Paulo, o PT expulsou Delúbio, que admitiu ter montado caixa dois e foi acusado de operar o "mensalão" junto com o empresário Marcos Valério de Souza.
Antes de decidir pela expulsão, o Diretório Nacional divulgou uma resolução política. O item dois informa que "as justas críticas que o nosso partido recebeu durante este período de instabilidade política e de cerco ao governo Lula devem ser apropriadas por toda a nossa base militante, aproveitadas para fundamentar a correção dos nossos erros".
É a parte que mais se aproxima da suposta mea-culpa citada por Dirceu. Ontem, no começo da tarde, o deputado votou em São Paulo a favor da proibição de armas de fogos no Brasil.
Para o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), a expulsão de Delúbio deve servir de exemplo no PT. "Temos de ter a convicção de que todos os culpados devem ser duramente punidos. O caso do Delúbio tem de ser um exemplo. Se comprovada a culpa, a punição deve ser rigorosa."
O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), após deixar o colégio Santa Cruz, onde votou no referendo sobre a proibição da comercialização de armas e munição, ironizou a visão do PT de que, com a expulsão de Delúbio, a crise política estaria encerrada.
"É como um senador americano na época da guerra do Vietnã, ainda no governo Nixon, e os Estados Unidos estavam perdendo, o senador chegou e disse: "eu tenho uma solução para o guerra do Vietnã: proclamamos a vitória e saímos correndo". É mais ou menos isso", comparou Serra.
Os EUA acabaram derrotados na guerra do Vietnã. (HUDSON CORRÊA e EDUARDO SCOLESE)