|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Vedoin quis vender dossiê contra Mercadante, diz Abel
Empresário ligado a ex-ministro tucano diz que não avisou PSDB de denúncia
Senador petista afirma que nunca propôs emenda que favorecesse sanguessugas; advogado de Vedoin nega existência do suposto dossiê
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ
O empresário Abel Pereira,
ligado ao prefeito de Piracicaba
(SP) e ex-ministro da Saúde no
governo FHC, Barjas Negri
(PSDB), afirmou ontem à Polícia Federal que Luiz Antonio
Vedoin, chefe da máfia dos sanguessugas, pediu a ele no início
de agosto que levasse à "cúpula
do PSDB" um dossiê contra o
senador Aloizio Mercadante
(PT), então candidato a governador de São Paulo.
Vedoin "não se referiu naquele momento a valores", disse Abel. Há contradições entre
o que ele disse em parte do depoimento e à imprensa.
Abel Pereira foi acusado formalmente na Justiça por Luiz
Antonio Vedoin, em 14 de setembro, de cobrar propina para
liberar verbas destinadas aos
sanguessugas na gestão de Barjas, em 2002. No mesmo dia,
Vedoin deu entrevista à revista
"IstoÉ" e negociou dossiê contra tucanos.
À PF Abel disse que se encontrou com Vedoin em agosto no
shopping Iguatemi, em São
Paulo. Na conversa, Vedoin teria dito possuir documentos
que comprovariam interferência de Mercadante para liberar
verbas na Saúde. Vedoin teria
solicitado que Abel procurasse
também Barjas Negri.
No depoimento, Abel disse
ter respondido a Vedoin que
não tinha motivos para se envolver com a questão. Afirmou
ainda não ter procurado a direção do PSDB nem Barjas.
Abel afirmou que em 24 de
agosto foi a Cuiabá, onde teria
recebido telefonema de Vedoin
marcando novo encontro.
Questionado por jornalistas,
após o depoimento à PF, se deixara em aberto na conversa em
São Paulo a negociação do dossiê, Abel se irritou. "Deixei [em
aberto], pronto. Satisfeito?"
O empresário afirmou que,
no encontro em Cuiabá, os Vedoin tentaram filmar a conversa, e por isso marcou-se um encontro num restaurante. Ao local foi só o empresário Ronildo
Medeiros, parceiro dos Vedoin.
Por isso, disse Abel, não houve conversa. Ele disse que só
"voltou a ouvir falar de Vedoins" após a publicação da reportagem na "IstoÉ".
Já à imprensa Abel disse que
um dia antes da publicação da
revista, tentou falar por telefone com Vedoin e deixou recado.
"[Telefonei] porque eu tinha
conhecimento de que eles estavam fazendo acusações contra
minha pessoa em uma revista."
Em nota, Mercadante classificou o depoimento de "factóide". Segundo ele, o empresário
Abel Pereira tinha por objetivo
"desviar a atenção das investigações sobre o esquema sanguessuga, comprovadamente
gestado na administração federal do governo anterior".
Defendendo-se das acusações de envolvimento no esquema de superfaturamento de
ambulâncias, o senador petista
afirmou que nunca propôs
emenda que favorecesse a máfia. "[Isso] pode ser facilmente
comprovado em consulta ao
Orçamento (Siafi) e ao Ministério da Saúde, ou ainda, à CPI
dos Sanguessuga e Corregedoria Geral da União, que investigaram exaustivamente essa
questão", declara.
"Ou Abel estava tentando negociar o silêncio devido a seu
esquema no governo anterior
ou foi uma armadilha para alguns petistas [tentarem comprar o dossiê contra tucanos], o
que levou Lula ao segundo turno e prejudicou minha candidatura", completou.
A afirmação de Abel de que se
encontrou por três vezes com
Vedoin para falar sobre o suposto dossiê prova, diz Mercadante, que o empresário "estava buscando informação para
prejudicar minha candidatura
ao governo de São Paulo."
O advogado de Luiz Antonio
Vedoin, Eloi Refatti, afirmou
que não existe dossiê contra o
petista. "Não existe nada contra o Mercadante. [Vedoin] não
tentou vender nada contra ele.
Digo com toda a certeza."
Colaborou a FOLHA ONLINE
Texto Anterior: Santa Catarina: Pela primeira vez Amin apóia presidente Próximo Texto: Leia a íntegra da nota divulgada por Mercadante Índice
|