São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / SALVADOR

Ataque de Wagner explicita racha na BA

Governador diz, sem citar Geddel ou o partido, que PMDB fez "ataques sórdidos" ao governo Lula e agora "bebe" da "popularidade"

Ministro não responde a acusações do petista, mas afirma que seu "dever é criar facilidades ao presidente Lula, e não dificuldades"

Alan Marques/Folha Imagem
O governador da Bahia, Jaques Wagner, durante visita ao presidente Lula no Palácio do Planalto

LETÍCIA SANDER
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A três dias da eleição, a disputa pela Prefeitura de Salvador escancarou a queda-de-braço entre as duas maiores lideranças políticas da Bahia -o governador Jaques Wagner (PT) e o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional, PMDB).
O clima tenso dos bastidores foi verbalizado anteontem à noite, no último comício do candidato do PT, Walter Pinheiro, na periferia de Salvador. No palanque, sem citar o partido nominalmente, Wagner acusou o PMDB de ter feito "ataques sórdidos" ao governo Lula no passado e agora "beber" de sua "popularidade".
"Lula desde criancinha sou eu, que, quando ele estava recebendo a saraivada de balas [na época do mensalão], botei meu corpo na frente para proteger o melhor presidente do Brasil. Hoje é fácil, com a popularidade de 80% de Lula, encher a boca e fingir que se esqueceram dos ataques sórdidos que fizeram, para agora beberem da popularidade do presidente."
Geddel foi importante interlocutor do governo Fernando Henrique (1995-2002), do PSDB, mas abandonou a posição anti-Lula no final do primeiro mandato do petista.
No mesmo discurso, Wagner chamou João Henrique (PMDB), o aliado do ministro que concorre à reeleição em Salvador, de prefeito de faz-de-conta, insinuando, de novo sem citar nomes, que a máquina do PMDB comandada por Geddel administra a cidade de fato.
O governador se valeu de adjetivos para se referir ao atual prefeito, a quem o PT apoiava há sete meses: mentiroso, covarde, despreparado, ingrato, traidor, confuso e sem rumo.
Pronunciado três horas após a divulgação de pesquisa Datafolha que mostrou o PMDB dez pontos à frente do PT, o discurso de Wagner surpreendeu até a equipe de Pinheiro. Foi a manifestação de apoio mais contundente feita até agora.
Geddel evitou confronto. "Não sou comentarista para analisar o que pessoas dizem." "Meu dever é criar facilidades para o presidente, não dificuldades." No comício de João Henrique, Geddel disse que é normal perder uma eleição, mas "o que não se pode é perder a dignidade e a compostura".
A briga na Bahia atrapalha os planos de Lula de ter o PMDB a seu lado em 2010. O presidente ficou de fora da disputa em Salvador para não melindrar nenhum grupo. Ontem, recebeu Wagner em um encontro que não constava da agenda oficial.


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