São Paulo, sábado, 24 de outubro de 2009

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Lula usa eleição interna no PT para enquadrar Estados

Petista apoia candidatos em diretórios que concordam com alianças esperadas para 2010

No Rio, presidente defende o candidato que sustenta a ideia de reeleição de Cabral, o que ajuda a sacramentar a aliança com PMDB no Estado

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende utilizar a eleição interna do PT no final de novembro para enquadrar Estados que resistem a abrir espaço para aliados.
Nesta semana, Lula interveio no caso mais espinhoso, o do Rio de Janeiro. Liberou seu chefe de gabinete, Gilberto Carvalho, para dar apoio explícito ao deputado federal Luiz Sérgio, que concorre à presidência do diretório estadual com o discurso de apoio à reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB).
"Temos o desafio de consolidar as mudanças promovidas pelo governo Lula e construir um amplo arco de alianças para garantir a continuidade de nosso projeto de transformação do Brasil", diz a mensagem de apoio a Luiz Sérgio enviada por Carvalho.
Lula orientou seus aliados a fazerem o possível para dar vitória por ampla margem a Luiz Sérgio, de preferência no primeiro turno da votação petista. Segundo a Folha apurou, sindicatos ligados à CUT ajudam na mobilização pró-Sérgio.
O apoio do chefe de gabinete de Lula ganha em relevância pelo fato de o principal adversário de Sérgio, Bismarck Alcântara, ser assessor dele no Planalto, em Brasília.
Alcântara defende a candidatura a governador do prefeito petista de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, mas a vitória de Sérgio praticamente selaria a aliança com o PMDB.
"A disputa no Rio é emblemática. O resultado dará nitidez ao caminho que o Estado seguirá na eleição", diz o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.
Outros Estados problemáticos para o PT vivem situações semelhantes. No Ceará, o governo trabalha pela chapa ligada à prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins, defensora do apoio ao PSB. Concorre com ela o grupo do ex-prefeito de Quixadá Ilário Marques, que prefere candidatura própria.
No Paraná, Lula aposta numa vitória esmagadora do grupo ligado ao ministro Paulo Bernardo (Planejamento) para sacramentar o apoio ao senador Osmar Dias (PDT) para o governo. A assinatura de Dias à CPI do MST nessa semana deu fôlego no partido a uma ala que rejeita a aliança.
Outro exemplo é o Pará, onde o atual presidente estadual, João Batista, concorre à reeleição com o discurso de apoio ao PMDB do deputado federal Jader Barbalho.
Nesses Estados, mas principalmente no Rio, o PMDB exige uma composição com o PT para honrar o "pré-compromisso" firmado de apoio à candidatura presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil).
Marcado para 22 de novembro (com segundo turno em 6 de dezembro), o PED (Processo de Eleição Direta) prevê o voto direto dos filiados para as direções nacional, estaduais e municipais.
Uma vitória convincente da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a mais ligada a Lula, daria mais força para moldar os palanques regionais ao gosto da estratégia nacional.
"Uma vitória de candidatos que defendem a tese da aliança em vários Estados é uma sinalização fundamental para 2010", diz Francisco Rocha, coordenador nacional da ala CNB.


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