São Paulo, sexta-feira, 24 de novembro de 2000

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GOVERNO
Em discurso, presidente defende ênfase na multiplicidade de empresas
FHC teme força de multinacionais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que "pobre de nós" se as multinacionais começarem "a impor aquilo que nós não queremos", porque elas têm muita força de atuação. Por isso, defendeu FHC, deve ser dada ênfase à multiplicidade de empresas.
"Se houver uma maior diversidade, será mais fácil fazer com que aquilo que nós queremos prevaleça sobre a vontade de um pequeno grupo oligopólico", afirmou FHC, durante discurso em solenidade de apresentação de resultados do programa "Brasil Empreendedor - Micro e Pequenas Empresas", no Planalto.
Para o presidente, "as micro e pequenas empresas são, portanto, aliadas essenciais da democracia, porque permitem o contrapeso das ações públicas, permitem que a sociedade se manifeste por meio das reivindicações da micro, da pequena e da média empresa e criam um mundo mais rico do que, simplesmente, esse mundo muito abstrato e internacionalizado das enormes empresas".
FHC disse que "a tessitura (textura) do mundo contemporâneo e do mundo futuro não pode ser formada só pelo travejamento das multinacionais". "Ela tem de ser alicerçada também e, talvez até, com mais dinamismo, nessa multiplicidade de empresas", disse.
Apesar de toda a retórica em favor das micro e pequenas empresas, FHC discursou apenas para técnicos e autoridades do próprio governo. Entre os mais de 700 convidados, apenas foram chamados alguns representantes de classe dos microempresários.
Para o presidente do Sinpi, Joseph Couri, que representa as micro e pequenas empresas no Estado de São Paulo, havia muita gente do governo e pouca representatividade dos empresários. "Espero que no ano que vem, como o governo demonstrou ser importante as microempresas, elas estejam presentes", completou.
Entre os convidados, havia comentários de que FHC estava sentindo pouco o cheiro do povo e muito o do próprio governo, numa alusão à nova fase populista.

Números
O presidente aproveitou a solenidade para comemorar a melhora de índices econômicos, como o da geração de empregos, o aumento da área plantada e da venda de fertilizantes e de máquinas agrícolas e o crescimento da indústria de São Paulo.
Para FHC, o fato de nos três primeiros trimestres do ano a economia ter crescido 3,86% significa que "o que há algum tempo podia ser retórica hoje já não é mais retórica. É realidade". Segundo ele, quando o governo afirmou que o país poderia crescer mais de 4% "não estava fazendo uma aposta no vazio".
"Estamos terminando o ano com o horizonte muito mais aberto do que foi o início deste ano -para não falar no início do ano passado, porque aquele, sim, benza-o Deus", afirmou o presidente.


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