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GOVERNO
Em discurso, presidente defende ênfase na multiplicidade de empresas
FHC teme força de multinacionais
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que
"pobre de nós" se as multinacionais começarem "a impor aquilo
que nós não queremos", porque
elas têm muita força de atuação.
Por isso, defendeu FHC, deve ser
dada ênfase à multiplicidade de
empresas.
"Se houver uma maior diversidade, será mais fácil fazer com
que aquilo que nós queremos prevaleça sobre a vontade de um pequeno grupo oligopólico", afirmou FHC, durante discurso em
solenidade de apresentação de resultados do programa "Brasil
Empreendedor - Micro e Pequenas Empresas", no Planalto.
Para o presidente, "as micro e
pequenas empresas são, portanto,
aliadas essenciais da democracia,
porque permitem o contrapeso
das ações públicas, permitem que
a sociedade se manifeste por meio
das reivindicações da micro, da
pequena e da média empresa e
criam um mundo mais rico do
que, simplesmente, esse mundo
muito abstrato e internacionalizado das enormes empresas".
FHC disse que "a tessitura (textura) do mundo contemporâneo
e do mundo futuro não pode ser
formada só pelo travejamento das
multinacionais". "Ela tem de ser
alicerçada também e, talvez até,
com mais dinamismo, nessa multiplicidade de empresas", disse.
Apesar de toda a retórica em favor das micro e pequenas empresas, FHC discursou apenas para
técnicos e autoridades do próprio
governo. Entre os mais de 700
convidados, apenas foram chamados alguns representantes de
classe dos microempresários.
Para o presidente do Sinpi, Joseph Couri, que representa as micro e pequenas empresas no Estado de São Paulo, havia muita gente do governo e pouca representatividade dos empresários. "Espero que no ano que vem, como o
governo demonstrou ser importante as microempresas, elas estejam presentes", completou.
Entre os convidados, havia comentários de que FHC estava sentindo pouco o cheiro do povo e
muito o do próprio governo, numa alusão à nova fase populista.
Números
O presidente aproveitou a solenidade para comemorar a melhora de índices econômicos, como o
da geração de empregos, o aumento da área plantada e da venda de fertilizantes e de máquinas
agrícolas e o crescimento da indústria de São Paulo.
Para FHC, o fato de nos três primeiros trimestres do ano a economia ter crescido 3,86% significa
que "o que há algum tempo podia
ser retórica hoje já não é mais retórica. É realidade". Segundo ele,
quando o governo afirmou que o
país poderia crescer mais de 4%
"não estava fazendo uma aposta
no vazio".
"Estamos terminando o ano
com o horizonte muito mais aberto do que foi o início deste ano
-para não falar no início do ano
passado, porque aquele, sim, benza-o Deus", afirmou o presidente.
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