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CONGRESSO
Disputa no Senado aumenta troca de acusações entre Jader e ACM; acordo PMDB-PSDB amplia tensão entre aliados
Sucessão acirra disputa entre senadores
RAQUEL ULHÔA
ANDREA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), comparou o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ao "demônio" e a "Satanás".
ACM disse que Jader não seria
eleito seu sucessor porque a "corrupção não triunfará no Senado".
"O conceito, para mim, vale para as pessoas que conceituam. Eu
não vou acreditar em demônio
pregando o Evangelho. Eu jamais
iria a uma igreja ouvir sermão feito por Satanás", disse Jader.
A briga dos caciques deu o tom
da confusão geral em que se
transformou, entre os aliados do
governo, a sucessão das Mesas da
Câmara e do Senado.
O líder do PSDB na Câmara, Aécio Neves (MG), acusou o líder do
PFL, Inocêncio Oliveira (PE), de
submeter a Câmara ao Executivo.
Era uma referência às tentativas
do pefelista de conseguir o apoio
público do presidente Fernando
Henrique Cardoso à sua candidatura.
Aécio atribuiu a inexistência de
um acordo para a eleição nas duas
Casas à vontade imperial de "lideranças" do PFL, numa referência
velada a ACM.
Inocêncio respondeu: "A candidatura dele (Aécio) é da parte de
um partido, fruto de uma briga no
Senado".
A tensão entre os aliados aumentou com o anúncio do acordo
entre as cúpulas do PSDB e
PMDB para dividir entre os dois
as Mesas da Câmara e do Senado,
isolando o PFL.
"O PSDB está se preparando para 2002. Acha que mudando de
aliado muda a cara", afirmou o senador José Jorge (PFL-PE).
Há outras justificativas para o
anúncio prematuro do acordo.
"O PFL não estava negociando
institucionalmente. Inocêncio estava cooptando deputados do
PMDB", disse o líder do PMDB na
Câmara, Geddel Vieira Lima
(BA).
Por trás de tanta disputa, o poder de se sentar à Mesa. O apoio
do PMDB ao PSDB se justifica, em
parte, pela negociação entre Geddel e Aécio para dar aos peemedebistas duas cadeiras na Mesa.
No Senado, Jader ofereceu à líder do Bloco de Oposição, senadora Heloísa Helena (PT-AL), a
possibilidade de participação na
chapa. A petista adiou a resposta.
Articulações
Os pefelistas passaram o dia em
articulações para tentar virar o jogo. "Hoje é dia de muito trabalho
para dar a volta por cima", afirmou Inocêncio, após uma reunião com o presidente do PFL,
Jorge Bornhausen (SC), e ACM.
Jader reagiu com ironia às declarações do senador José Sarney
(PMDB-AP) de que gostaria de
ser "candidato de consenso".
"Por consenso, eu quero ser até
papa", disse Jader.
O presidente do PMDB disse
que o acordo com o PSDB "jogou
água no chope do PFL". Segundo
seu raciocínio, o PFL achava que
poderia eleger Inocêncio na Câmara e vetar seu nome no Senado,
forçando outra candidatura.
"O impasse era meu aqui no Senado. Agora o impasse está democratizado: está na Câmara e é
do PFL", disse Jader. Ele reafirmou que o PMDB não vai aceitar
"ingerência externa" sobre a escolha do candidato do partido.
ACM manteve ontem o discurso pregando a "moralidade" e
voltou a defender a candidatura
de Sarney.
"Consenso não quer dizer apoio
de todos. Quer dizer ser melhor
recebido. E Sarney é muito melhor recebido do que o outro candidato, seja pelo Congresso, seja
pelo povo brasileiro", disse.
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